quinta-feira, 3 de maio de 2018

Foi representar o ConSelho, não o ConCelho

Nota prévia
Graças à boa vontade do jornalista António Freitas, que antes tinha copiado a crónica entretanto eliminada por engano, ela aqui vai de novo. Com um abraço de agradecimento pela ajuda.
Reposta assim a situação anterior, eliminou-se o pedido de desculpa e outro material anexo, parte do qual ofendia o bom senso e até a pituitária.

Os fumos da Índia
Salvo melhor e mais fundamentada opinião, parece haver um  equívoco em relação às recentes declarações de Anabela Freitas, sobre a viagem à Índia da sua colega e amiga, a vereadora Filipa Fernandes. Já se sabe, porque é da praxe, que correu tudo muito bem, estreitaram-se laços, promoveu-se Tomar, e vêm aí investidores interessadíssimos, que infelizmente depois nunca mais investem. O que nem surpreende neste caso porque, quando se sabe que Nova Delhi, onde teve lugar o forum, é uma metrópole de 25 milhões de habitantes, imagina-se sem grande dificuldade o relevo que ali terá tido uma reunião internacional de um milhar de participantes. Basta olhar para a imagem intimista, e para a expressão agastada da hospedeira...
Desta vez porém, a senhora presidente acrescentou duas novidades. Uma de peso, outra lateral. A de peso é a repetição do anúncio do próximo forum da WEF, a realizar em Tomar, lá para Março de 2019, informação já anteriormente avançada pelo vereador Cristóvão.  A lateral é que "O conCelho esteve representado..." conforme titula a Rádio Hertz aqui
Comecemos por esta. De acordo com o protocolo usual nestas coisas, parece haver um equívoco. Quem representa o País é o Presidente da República, ou o presidente da Assembleia da República. na sua ausência. Nunca o primeiro-ministro ou um ministro. Da mesma forma, quem representa o Município -que é realmente a entidade jurídica equivalente ao conCelho- é o/a presidente da câmara ou o/a da Assembleia Municipal. Nunca um vereador, e muito menos quando nem sequer houve delegação dessa competência, formalizada perante o executivo em funções.
https://radiohertz.pt/wp-content/uploads/2018/04/31444637_10211321525657300_882369772538885336_n.jpg
Imagem copiada da Rádio Hertz online

O que Anabela Freitas terá querido dizer é que a vereadora foi representar o conSelho local da WEF, do qual faz parte desde 2014, conforme se pode conferir aqui, uma vez que a responsável nacional, Teresa Silveira, não se terá deslocado. Trata-se de qualquer forma de um mero pormenor protocolar
Bem mais importante é a reiterada afirmação de que a próxima reunião do forum vai ser em Tomar. A confirmar-se tal facto, bem como o mencionado milhar de participantes, podemos estar perante um desastre turístico, local mas de grandes proporções. Vejamos mais em detalhe.
Se, como informou à Hertz Anabela Freitas, a prevista reunião do forum “movimenta” cerca de mil pessoas, tratando-se de um encontro internacional, em que a  maior parte dos participantes viajam individualmente, porque com as despesas suportadas pelas entidades que as enviam, estamos a falar, no mínimo, de 800 camas de 4 estrelas, em quartos twin ou individuais. Em Tomar não existe tal capacidade. O Hotel dos Templários, única unidade  local de 4 estrelas, dispões de apenas 167 quartos e 10 suites, ou seja um total de 354 camas. Os restantes  600 congressistas serão alojados onde? Nos 3 estrelas da cidade? Também não têm capacidade suficiente, nem os ilustres visitantes iriam aceitar, sejamos realistas. (Aposta-se que a senhora vereadora também não ficou alojada em nenhum hotel de 3 estrelas...)
Irão portanto para Fátima, o que equivale a 12 autocarros  e 80 quilómetros diários (40 para cada lado). Uma vez que a autarquia apenas dispõe de um autocarro...
Além das questões de alojamento e de  transporte  há também a considerar o desenrolar das actividades, a começar pela sessão plenária de boas vindas e a de encerramento. Que vão ter lugar onde? No cine-teatro não cabem, nem há condições. Na biblioteca municipal ou no salão nobre dos Paços do Concelho, é melhor nem pensar. No hotel dos Templários a junção das salas Infante 1 e Infante 2 permite alinhar, no máximo, uma plateia de 600 lugares. Demasiado pouco para os previstos quase mil participantes. Se calhar vão acabar por realizar os plenários do forum em Fátima. Ou será em Leiria?
Mesmo quando solucionadas a situações anteriores, restam ainda dois problemas por resolver: 1 - Onde realizar o jantar de boas-vindas e o de despedida? Quase mil pessoas é muita gente. No refeitório do Convento, mesmo bem arrumadinhos, só cabem uns 250/300. E os outros? 2 - Outra obrigação dos anfitriões tomarenses é mostrar aos visitantes o Convento e a cidade, tudo em boas condições. Mesmo em grupos de 55, que é o máximo dos máximos, vão ser precisos 20 autocarros, cada um com o seu guia. E onde vai a autarquia desencantar 20 profissionais de turismo competentes, anglófonos, bons conhecedores da cidade e sobretudo do Convento? Não vai ser fácil, até porque se e quando souberem que serão 20 grupos em simultâneo, mais de metade vão alegar que estão doentes, eventualmente com alguma otite. 
Ao contrário do que possa parecer, não é nada fácil guiar grupos no Convento de Cristo, quando os visitantes são numerosos. Para apreciar a Janela do capítulo, ouvindo o guia respectivo, só cabem dois grupos de cada vez. Um no terraço por cima da escada de ligação Santa Bárbara/D. João III (o mais habitual), outro no primeiro piso do claustro de Santa Bárbara. Uma vez que uma boa explicação da janela manuelina necessita no mínimo de um quarto de hora, a dois grupos de cada vez, vai levar  hora e meia. Só na janela. E o resto da visita? E os percursos? Vinte grupos de 55 pessoas dificilmente cabem na Charola ao mesmo tempo...
E os 20 autocarros vão estacionar onde? No aparcamento da fachada norte, o único que há para pesados, só cabem 7.

O improviso e o desenrascanço são muito importantes, mas é capaz de ser melhor ponderar as coisas com tempo, para evitar qualquer desastre. Aqui fica o aviso, quando ainda há muito tempo para rectificar o tiro, procurando evitar que saia pela culatra.

1 comentário:

  1. Tendo como certas as obras na Várzea Grande que garantidamente se prolongarão por mais de um ano (e retorcidas na sua legalidade logo à nascença), a questão maior nem se colocará neste evento e com o estacionamento dos necessários autocarros.
    Em ano de Festa dos Tabuleiros, executar esta obra sem prever os seus constrangimentos é no mínimo irresponsável.

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