sábado, 16 de dezembro de 2017

ÀS ESCURAS NO BAIRRO MAIS TÍPICO DA CIDADE

Houve tempos em que a zona mais típica da cidade era o Bairro da Flores: Rua do Camarão, Rua Sacadura Cabral, Largo do Pelourinho, Várzea Pequena. As obras do tempo do Paiva acabaram com esse ar castiço, ao modernizarem a calçada, o saneamento e a rede de água. Agora, o sector citadino mais característico é, sem sombra de dúvida, o Bairro da Piçarra. Não sabe onde é? Nesse caso, que raio de tomarense é você, que nem conhece o seu berço? 
É aquele conjunto de ruas e casas, entre a Rua da Graça a sul, a Estrada do Convento  a oeste, a Rua direita a Este e a Calçada de S. Tiago, a norte. Noutros termos, o Largo do Quental, a Rua do Teatro, a parte poente da Rua Aurora Macedo e da Rua Nova, a Rua do Pé da Costa de Baixo, as Escadinhas do Alto da Piçarra, a Estrada do Convento e a Rua do Pé da Costa de Cima.
Porquê Bairro da Piçarra?! Por causa da dita piçarra. Que não é nada uma pilinha muito grande, (não esteja já a pensar coisas menos correntes...),   mas simplesmente, segundo o dicionário, "uma rocha sedimentar xistosa ou argilosa". No caso, toda aquela zona mais alta, que forma um arco de círculo entre o Casal das Atalaias, a norte, e o alto de S. Lourenço, a sul.
Pois este Bairro da Piçarra antes definido, é agora o mais castiço da cidade, por ser o único que mantém a calçada de origem, os esgotos tipo idade média e a rede de água original, de 1937, com tubos de amianto, uma matéria altamente cancerígena, entretanto já proibida na União Europeia.
E como se tudo isto não bastasse, agora até a EDP se juntou à festa. Desde há três noites que os habitantes do dito bairro têm luz em casa, mas não beneficiam de iluminação pública. Detalhe curioso, que talvez possa ser útil para corrigir a anomalia: Durante o dia os candeeiros públicos estão acesos. Ou seja, deve haver algures um comutador a funcionar às avessas: Liga durante o dia, quando não é necessário, desligando à noite, quando faz falta.
Resta fazer uma declaração de interesse. O administrador deste blogue, habita há mais de quarenta anos na Rua Aurora Macedo. Tem portanto a obrigação de saber um bocadinho daquilo que fala. Ainda assim, sustentarão quiçá os mais incrédulos que a informação local, dita mais séria, ainda não noticiou a ocorrência, pelo que talvez não seja verdade. Pois desenganem-se, almas venenosas. Se as ruas estão às escuras e os jornalistas não moram por estas bandas, como querem que noticiem alguma coisa, se por aqui à noite não se vê nada? Para alguns, até de dia é um problema danado verem alguma coisa criticável, quanto mais à noite e sem iluminação pública.

Actualização, às 9HOO de Domingo, 17DEZ2017

Ontem à noite, a iluminação pública voltou aqui ao bairro. Excelente para moradores e turistas. Mau para os senhores autarcas, porque põe em evidência as mazelas das calçadas, que são muitas e cada vez mais. Quando uma câmara já nem sequer consegue assegurar o mínimo dos mínimos, mal vão as coisas.

3 comentários:

  1. É verdade. Que raio de tomarense sou eu! Nunca ouvi falar no bairro Piçarra nem noutros bairros que às vezes aqui são referidos. A única coisa interessante que me ensinaram na escola sobre Tomar - escola primária - foi que Tomar era uma cidade Templária. Um dia a minha professora primária, em Carvalhos de Figueiredo, falou sobre os Templários e disse que Tomar era uma cidade Templária. Foi a D. Berta da Conceição Oliveira, açoreana, mulher do brigadeiro Viriato das Neves que também era dentista ali ao pé do cine-teatro. Maravilhosa senhora! Há coisas que nunca esqueço.

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    1. Ao ler o seu comentário voltei alguns anos atrás e recordei o Dr.Viriato das Neves e sua esposa que moravam na estrada de Leiria.Sobre o bairro em causa faço das suas as minhas palavras pois desconhecia.Obrigado por reavivar minha memória

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    2. Moravam aí mesmo. Abraço e Boas Festas!

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