sexta-feira, 26 de abril de 2024

 

Hotel Vila galé - Tomar visto da Ponte velha. À direita, a ampliação com piscina que foi construída em leito de cheia. À esquerda, o Pego de Santa Iria sem o painel de azulejos enxaquetados do século XVII, que desapareceram durante as obras e ainda não mereceram qualquer comentário da Câmara nem da oposição. Tudo na paz do Senhor. Amém!

Entrada do parque de estacionamento do Hotel Vila Galé -Tomar, na Rua de Santa Iria, numa imagem colhida às 17 horas de 25 de Abril. Com apenas 15 lugares de estacionamento para 101 quartos, é previsível que venha a estar "completo" a maior parte do tempo. Os hóspedes que não conseguirem lugar no parque vão estacionar onde? Haverá um "valet" para levar o carro ao parque P2? Coisas simples da terra tomarense, como escreveu o Nini, cuja farmácia era logo ali.

Turismo e hotelaria

Hotéis à moda do velho oeste americano

A maioria socialista camarária tem fama de privilegiar o turismo, como opção principal de desenvolvimento económico de Tomar. Trata-se de um erro de interpretação, que resulta da brusca expansão da capacidade hoteleira local. Turismo é uma coisa, hotelaria é outra, embora estejam sempre interligadas, mas para os de fraca cultura "vai tudo dar ao mesmo".
Durante os dois mandatos e meio de Anabela Freitas, houve um brusco incremento na edificação de estabelecimentos hoteleiros em Tomar, com 2 novos hotéis de 4 estrelas e outro de 5 estrelas, além da remodelação da estalagem de Santa Iria. Quando a esmola é grande o santo desconfia, diz o povo e parece ser verdade.
O dito aumento da capacidade hoteleira local, tudo indica que foi conseguido à custa de dolorosas concessões,  legais ou nem tanto, a fazer lembrar a "justiça de Pecos", no velho oeste americano do século XIX, e indiciando situações de favorecimento, com fumos de corrupção. Há por exemplo o caso de determinada edificação em zona de cheia, numa das tais unidades de 4 estrelas, bem como a notória falta de lugares de estacionamento para os hóspedes, nessa e nas outras. (ver imagem)
De acordo com o artigo 60º da portaria publicada no DR 2ª série nº 64, de 1 de Abril de 2016, nas edificações hoteleiras deve haver sempre 2 lugares de estacionamento por cada 5 quartos, o que corresponde a 40 lugares para 100 quartos. O novo hotel Vila Galé dispõe de 101 quartos e de apenas 15 lugares de estacionamento. Porquê? Não terá havido favorecimento ilegítimo, como no caso daquela construção em evidente zona de cheia? (ver imagem). A troco de quê? Só por simpatia? E a Anabela socialista eleita numa lista PSD, cujo mandatário era o dono do Vila Galé? Simples e infeliz coincidência?
Mesmo assim, o Vila Galé ainda fez um esforço, insuficiente é certo, mas um esforço. O Hotel República, de 5 estrelas, e o Casa dos ofícios, de 4 estrelas, nem isso fizeram. Não dispõem, nem um nem outro de qualquer lugar de estacionamento. E daí? questionarão os do costume, com evidente má-fé.
E daí, dentro de relativamente pouco tempo, com o aumento do fluxo turístico, os habitantes do núcleo histórico são bem capazes de se irritar com a cada vez maior escassez de estacionamento, começando a atacar os automóveis dos turistas, que lhes vieram roubar os lugares e o sossego. Já acontece em Barcelona e outras cidades do sul de Espanha, bem como no Algarve, onde este ano já nem houve desfile para comemorar o 25 de Abril. É isso que queremos em Tomar? Atritos com os turistas, provocados pela ganância de alguns eleitos e técnicos superiores, que negoceiam "fechar os olhos" a certas ilegalidades, mediante compensação?
Não adianta insistirem na sonegação de documentos de acesso público, em contradição com com o disposto na LADA. A verdade é como o azeite, acaba sempre por vir à tona, e quando menos se espera. Quando se não chega lá por um caminho, vai-se por outro, e assim sucessivamente.
Dito de forma clara, para que não restem dúvidas, sobretudo a partir de 2013, tem havido na Câmara de Tomar fortes indícios de corrupção em determinados serviços, naturalmente tutelados por eleitos que saberão ou não o que se passa. Fica aqui o alerta, para memória futura, para que mais tarde não se diga que os tomarenses e a justiça andaram todos a dormir durante mais de uma década de poder socialista.


quinta-feira, 25 de abril de 2024



Património histórico local

O "Forno romano" e a Ponte velha

Está crónica tem como origem um favor da directora do Templário. Escreveu a senhora, na mais recente edição, que o autor destas linhas é um "exímio conhecedor da história de Tomar". Podendo nem corresponder à realidade, trata-se ainda assim de uma afirmação que acarreta responsabilidades na área em questão. Donde o que segue.
Nas obras ainda em curso no Flecheiro, acompanhadas por um arqueólogo porque a isso obriga a legislação vigente, apareceram umas ruínas antes enterradas. O arqueólogo adstrito à obra anunciou pouco depois que se trata de um forno romano, sem contudo justificar documentadamente as suas afirmações.
Seguiu-se o habitual em Tomar. As ruínas foram deixadas sem qualquer protecção, o que alarmou alguma informação local e levou quem isto escreve a lembrar que, nestas coisas dos achados arqueológicos, é prioritário efectuar a rigorosa datação, recorrendo aos meios idóneos disponíveis -outros arqueólogos, além do que encontrou as ruínas, e exames com carbono 14 ou similar.
Em vez disso, aproveitando uma efeméride, a maioria socialista camarária organizou uma visita às ruínas em causa, guiada pelo mesmo arqueólogo que as identificou, e na qual participou o presidente da Câmara, segundo se deduz das imagens publicadas no Templário.
Durante a visita, o arqueólogo licenciado Carlos Batata teve ocasião de desenvolver os seus pontos de vista sobre as citadas ruínas, tendo a dada altura afirmado que contribuem para se perceber melhor a realidade de Sellium, durante a ocupação romana. Acrescentou mesmo que terá havido duas pontes ligando as margens, a actual Ponte velha e a Ponte das ferrarias.
Vivemos felizmente em plena democracia de tipo ocidental, podendo cada cidadão dizer o que lhe aprouver, sem que daí advenham consequências adversas. Acontece contudo que o licenciado Batata é um arqueólogo respeitado na urbe, pelo que não deve debitar fantasias, mesmo para tentar colmatar asneiras anteriores.
Não é o local nem o tempo para um debate aprofundado sobre estas questões da alegada ocupação romana no actual perímetro urbano, não se podendo contudo deixar passar sem um reparo fantasias de circunstância.
Está por demonstrar de forma insofismável que o pretenso "fórum romano" seja isso mesmo, ou apenas os restos dos alicerces de duas igrejas que ali houve e cuja existência está documentada. Da mesma forma, sustentar que a ponte velha já existiria na época romana, é uma mera fantasia.
Até ao século XV (15), toda a zona agora chamada "cidade velha" foi um pântano, conforme ainda documentam os topónimos actuais -Várzea grande e Várzea pequena, sendo que em português várzea é um terreno alagado, pantanoso, geralmente usado na cultura do arroz. Assim sendo, não faria sentido uma ponte para ligar uma margem seca a um pântano, tanto mais que a actual Av. Marquês de Tomar só existe desde o século XIX (19, para os cidadãos mais novos, que já não aprenderam a escrita romana na escola). Além disso, a própria amarração da ponte do lado poente indica que é posterior à construção do Açude dos frades, provadamente da época do Infante D. Henrique, mil e quatrocentos anos após o Império romano. Há que ter a noção das coisas.
A fechar, deixem-se de tretas interesseiras e procedam de acordo com as boas práticas. Consultem pelo menos dois outros arqueólogos e mandem datar as ruínas de forma científica, e não só "a olho". Depois e só depois, procedam de acordo com os resultados obtidos. Preservem se valer a pena em termos históricos, enterram de novo se não for o caso.
E não se esqueçam que há eleições no próximo ano, continuando por concluir as obras do alegado "fórum de Sellium", que pode bem vir a revelar-se, infelizmente,  uma das fraudes arqueológicas desta terra que me viu nascer.





TRIBUNA DO PSD - Tiago Carrão

GOVERNAÇÃO SOCIALISTA 
EM FIM DE CICLO


Pelo 2º ano consecutivo, a governação municipal socialista viu a sua Prestação de Contas ser reprovada em Assembleia Municipal, circunstância que, só por si, deveria levar a arrepiar caminho e a refletir sobre as opções erradas e a fraca execução. Mas, se dúvidas houvesse, basta analisar o documento para perceber que a governação socialista está em fim de ciclo – esgotada,  com poucas ideias e sem capacidade de as executar.
Tendo como ponto de partida um Orçamento e Grandes Opções do Plano que não serviam os interesses de Tomar e dos tomarenses, chegámos a uma Prestação de Contas que deixa à vista de todos o fracasso dos objetivos propostos e, diria até, ao descalabro em alguns dos setores analisados neste documento. Vejamos:

 Em 2 anos, a Câmara Municipal gastou mais de 4 milhões de euros do que recebeu
As contas de 2023 reforçam a tendência preocupante de uma gestão deficitária que não pode
ser ignorada. Em 2022, as despesas foram superiores às receitas em 2.223.000€ e em 2023
gastou-se mais 1 milhão e 845 mil euros do que se arrecadou em receitas.

 As receitas não cumprem a Lei
A taxa de execução das receitas municipais ficou abaixo dos 85% pelo 2º ano consecutivo. Diz
o Artigo 56º da Lei nº 73/2013 que, nestas condições, serão informados os membros do
Governo responsáveis pelas áreas das finanças e das autarquias – um desprestígio para
Tomar ver o Município sujeito a esta comunicação.

 As despesas aumentaram 13,8% face ao ano anterior
A governação socialista gastou em 2023 quase mais 5 milhões de euros do que tinha gasto no
ano anterior. Um despesismo crescente sem qualquer consequência na melhoria assinalável
dos serviços públicos ou da qualidade de vida dos tomarenses.

 Confirma-se o Orçamento fictício
Mais uma vez, a governação socialista decidiu primeiro quanto queria gastar e depois foi
“procurar” as receitas para fazerem face às despesas, em vez de fazer contas a quanto tinha
para gastar. O resultado foi um orçamento da receita empolado o que agora se veio a confirmar
na Prestação de Contas: nas receitas correntes, a rubrica “Outras Receitas”, orçamentada em
4,456 milhões de euros teve uma execução de apenas 311 mil euros; a rubrica “Vendas de
Bens e Serviços”, com 4,236 milhões de euros em orçamento teve apenas 1,542 milhões de
euros executados.

 A Economia Local continua o parente pobre da governação socialista
Continuam a colocar-se os ovos todos no cesto do Turismo, setor obviamente importante, mas
insuficiente, que absorveu 82% do valor alocado ao Desenvolvimento Económico, enquanto a
Economia Local teve direito a apenas 18%. Se dúvidas houvesse, estes números deixam bem
claro que, para a governação municipal socialista, não contam setores como a Indústria,
Agricultura, Floresta e as Tecnologias da Informação.

 A Despesa com Pessoal aumentou 800 mil€
A Despesa com Pessoal atingiu os 13 milhões e 200 mil euros (representa cerca de 50% das
despesas correntes), o valor mais elevado de sempre, e que condiciona fortemente o futuro da
gestão municipal.

 O Prazo Médio de Pagamentos aumentou para 86 dias
Em 2023 inverteu-se a tendência decrescente do Prazo Médio de Pagamentos que está ainda
em quase 3 meses, um dos maiores da região e que penaliza especialmente as pequenas e
médias empresas do concelho que esperam para receber, com as consequências de tesouraria
que esta demora acarreta.

 Dívidas a Fornecedores correntes aumentaram 30%
As dívidas a Fornecedores de conta corrente passaram de 4 milhões e 247 mil euros (2022)
para 5 milhões e 558 mil euros (2023). Um valor assinalável e que, conjugado com o Prazo
Médio de Pagamento, são motivo de preocupação para a relação com fornecedores do
Município.

 Quase 90% de Ajustes Diretos
A Câmara Municipal de Tomar contrasta com a média nacional dos contratos públicos por
ajuste direto (47%) e efetuou em 2023 89,17% dos contratos por ajuste direto, ou seja,
contratou quem quis sem consultar o mercado e outras propostas. É um valor excessivo que vai
contra as boas práticas e até coloca em causa princípios de concorrência e de transparência.

 8 Milhões de Euros de Investimento que ficou por fazer
Aquando do Orçamento, a governação socialista anunciou um conjunto de obras e projetos e,
ao analisar agora a sua não execução, torna-se evidente a total incapacidade dos socialistas
em cumprir os compromissos assumidos. Temos como exemplo os separativos no saneamento
no centro histórico da cidade, a requalificação da Escola EB 2+3 Gualdim Pais, a reabilitação
do Jardim de Infância Raul Lopes com a valência de creche, o novo skate parque, a
requalificação na Choromela e Casal dos Frades, ou os arranjos exteriores no Flecheiro.
Destes investimentos prometidos para 2023, quantos foram executados e concluídos? Nenhum!
Não deixa de ser curioso que, passados 10 anos de governação, os socialistas tenham finalmente percebido que o financiamento bancário que tanto diabolizaram ao longo dos últimos anos é, afinal, uma ferramenta importante para alavancar o investimento no território. Ou será que este empréstimo de 3 milhões de euros surge agora porque as eleições autárquicas do próximo ano já estão à vista?
A governação socialista, cada vez mais preocupada com a sua imagem e fins eleitorais em vez das necessidades reais dos tomarenses, evidencia todos os sinais de estar em fim de ciclo: esgotada, sem rumo nem ânimo. Tomar merece melhor! Tomar precisa de uma liderança que não seja apenas de anúncios e promessas, mas que tenha uma estratégia e seja capaz de a executar e de construir o futuro que todos ambicionamos para o nosso concelho.

Tiago Carrão
Presidente do PSD de Tomar
Vereador na Câmara Municipal de Tomar

quarta-feira, 24 de abril de 2024




Repovoamento urbano e limpeza de terrenos

AVENIDA DO CANAVIAL ?

TOMAR – Não se esqueça: tem até 30 de Abril para limpar os seus terrenos | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Leu-se um dia destes, ainda no hemisfério sul, que para resolver a crise na Avenida Nuno Álvares, a principal entrada na cidade, onde há cada vez mais alojamentos e estabelecimentos devolutos, basta instalar duas ou três empresas-âncora. Daquelas que atraem muita clientela só com a própria marca.
Quem assim opinou foi o presidente Cristóvão, que certamente estará convencido daquilo que disse. Não o desmentirei pelo simples prazer da contradição, até porque há naquilo que disse uma parte de verdade: as empresas mais conhecidas atraem sempre uma uma vasta clientela, assim contribuindo para a recuperação comercial e o repovoamento de ruas e bairros afectados pela crise, neste caso pelo acampamento calé que entretanto foi desmantelado. Donde a designação de empresas-âncora.
No caso da Avenida Nuno Álvares, são porém evidentes dois obstáculos que tornam muito difícil a ansiada recuperação. Por um lado, uma infeliz requalificação fez de uma larga avenida um simples arruamento urbano, para instalar duas ciclovias, numa terra onde são bem poucos os ciclistas, assim impossibilitando o estacionamento "em espinha", numa zona afastada do centro e sem parques de estacionamento próximos. Há aquele ao lado da estação de caminho de ferro, é certo, mas já não chega para as encomendas.
Por outro lado, que empresa de prestígio aceitará vir instalar-se numa via urbana com um canavial e fartura de vegetação espontânea? (ver imagem) Dirão os defensores do "rumo certo" que a Câmara não tem nada a ver com o assunto, porque é um terreno privado. Estão equivocados, como é costume. O terreno é realmente privado, mas a autarquia tem tudo a ver com a insólita situação, uma vez que passam uma parte do ano a avisar os agricultores e proprietários rurais que têm de limpar ou mandar limpar os seus terrenos, para reduzir o risco de incêndio, mas entretanto nada fazem em relação a um pequeno bosque com canavial na principal entrada da cidade.
A eventual desculpa de que nunca se deram conta será descabida, porquanto a altura das canas mostra que a situação existe há anos, sem que alguma vez os eleitos se tenham incomodado com o risco de incêndio, ou com a proliferação de ratos, cobras e outra bicharada. Façam o favor de continuar a comentar que "lá está o gajo na má-língua do costume", mas acabem com o escândalo, porra! Se o dono do terreno não faz nem manda fazer, avancem vocês e obriguem-no depois a pagar pelos meios legais ao vosso dispor. Foi também para isso que vos elegeram, e não só para as festarolas e obras de duvidosa utilidade para a comunidade em geral.

terça-feira, 23 de abril de 2024








Excursionismo e turismo

Viajar para continuar 

a entender a época e o povo

Apenas regressado, fui numa excursão de turismo popular até Oleiros, com paragem em Vila de Rei para o pequeno almoço. Coisa sem pretensões nem novo-riquismos. Apenas almoçar um cabritinho estonado com arroz de miúdos e depois visitar um novo miradouro, da autoria de Siza Vieira. Correu tudo às mil maravilhas, que o pessoal já se conhecia de andanças anteriores, e nestas coisas o amigo Freitas é um verdadeiro artista. Sobretudo quando reconta aquela anedota do gato e da água quente, para aquecer os pés em determinada pensão. Hábitos antigos.
Apesar de ser um pequeno concelho de cinco mil almas, perdido algures no interior do país, Oleiros sabe receber e preparar-se para acolher com dignidade todos os visitantes, e não só os de turismo de nível, como se apregoou em tempos e em vão aqui por Tomar. Houve visita guiada gratuita, proporcionada pela Câmara local, notou-se limpeza nas ruas e esmero por todo o lado, e havia estacionamento com fartura, mesmo para autocarros, bem como instalações sanitárias abertas, limpas, com papel higiénico e limpa-mãos, apesar de não haver nenhum monumento património da humanidade, nem rio, nem Tabuleiros, nem a mania de cumprir a tradição.
Os quarenta e tantos visitantes corresponderam à evidente simpatia local e à arte de saber receber. Compraram queijos, bolos, enchidos, presuntos, mel, e por aí adiante. Muito mais rentáveis para o comércio local do que os milhares de visitantes do Convento de Cristo, que logo a seguir se põem a andar sem sequer visitarem a cidade, porque não têm onde estacionar.
O cabritinho estava uma delícia, houve repetições e quem escreve estas linhas fez um esforço considerável para resistir à aguardente de medronho, oferta da casa, tal como o aperitivo com vinho da região. Quem sabe sabe, e os oleirenses mostraram na prática que bem merecem umas visitas gastronómicas.
A fechar, a visita ao novo miradouro do Zebro, nos arredores e ainda por inaugurar,  desiludiu um bocadinho. A vista é soberba, mas o acesso pedonal terá de ser melhorado e o espaço para estacionamento alargado. A estrutura em betão, com o traço de Siza Vieira, parece que custou meio milhão de euros, mas não se nota muito. (ver imagem). A União Europeia paga tudo, desde que se tenha capacidade e o mamar doce.


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Imagem copiada da Rádio Hertz, com a devida vénia e os nossos agradecimentos.

Autárquicas 2025

Excelente entrevista do líder local do CHEGA
com duas lacunas graves


Ensinou-me a experiência que convém ouvir atentamente os oráculos. Foi o que fiz ontem. Segui com atenção a entrevista do líder concelhio do CHEGA! na Rádio Hertz. Nuno Basílio Ferreira esteve bem. Passou a ideia de pessoa ponderada e humilde, designadamente quando referiu que por enquanto ainda não é cabeça de lista designado. Candidatou-se à concelhia para isso mesmo, mas há ainda outras hipóteses. Na devida altura se verá. Nada de arrogância portanto, o que vem sendo cada vez mais raro por estas paragens.
A sua enumeração serena dos problemas citadinos e concelhios mostrou alguém interessado e conhecedor, ficando a ideia de estar mais motivado para recuperar Tomar do que para uma carreira política, ao contrário do que acontece com os outros dois putativos candidatos com hipóteses de vencer.
Faltando apurar se intencionalmente ou por lapso, Basílio Ferreira nunca mencionou na sua nutrida série de problemas concelhios as carências na área da hospitalidade turística, nem a causa principal de algumas das maleitas que anunciou. Colocou-se assim na desconfortável posição daqueles oncologistas que graças às TAC conseguem identificar e localizar as várias metástases, mas não o tumor inicial que lhes deu origem.
No caso, o futuro candidato referiu problemas graves com o PDM, falta de parques industriais à altura, carências habitacionais, défice grave de estacionamento na Várzea grande, onde teria ficado bem um parque subterrâneo, incidentes vários com os ciganos, dificuldades na área da saúde, ausência de ensino profissional eficaz, e assim sucessivamente, sem contudo identificar a causa principal de todas estas maleitas. Situação problemática, uma vez que, caso vença as autárquicas de 2025, não conseguirá solucionar o que está mal, por não saber como nem onde agir para suprimir a causa principal. Ou sabe, mas preferiu  calar, por não ser politicamente oportuno?
Seja-me permitida uma outra comparação alegórica, para melhor entendimento. Fiquei com a ideia de que o candidato identificou com clareza vários ramos da mesma árvore, mas descurou a pernada principal, tendo também omitido falar do tronco e da raíz. Deliberadamente? Inadvertidamente? Só ele poderá esclarecer, sendo certo que ignorando as causas não é possível acabar eficazmente com as consequências.
Em conclusão, um excelente defensor do concelho que não é funcionário público, ponderado e atento, porém sem mundo nem arcaboiço político suficiente para a tarefa a que se propõe, até prova em contrário. Falta apurar ainda se sabe ouvir e rodear-se de gente capaz, o que em Tomar não é fácil, porque os melhores ou já emigraram ou estão sem paciência nenhuma para aturar os tomarenses e as suas bizarrias.
Tomar a dianteira 3 deseja-lhe boa sorte, tal como a todos os outros que estejam na política para servir e não para se servir, continuando atento ao que daí virá.


domingo, 21 de abril de 2024

Turismo e paisagens

Tomar cidade jardim
Não há no país outra assim

Por causa do desastre ambiental da Mata dos sete montes, cuja responsabilidade principal não é da Câmara, vai por aí um certo desânimo. Alguns cidadãos desencantados referem que antigamente Tomar era uma cidade jardim, mas que depois, infelizmente, se viraram os senhores da autarquia para "Tomar cidade templária".
Cumpre esclarecer que nem o expressão original era essa, nem a situação é a descrita. A frase original era "Tomar terra templária", que não colidia com "Tomar cidade jardim". Agora já está, já está, e para pior já basta assim. Mas continuamos numa cidade jardim. Não só os jardins estão como estão, como até as ruas e algumas paredes são autênticos minijardins, como mostram as imagens infra:

Aspecto da Rua do Pé da Costa de Baixo, ao cimo da Rua Aurora Macedo, onde mora o escriba, em imagem colhida ontem, 20 de Abril de 2024. Digam lá se não está uma maravilha de asseio, de reboco e de verdura, a dois paços da Câmara. O muro da esquerda é uma verdadeira originalidade, a lembrar os famosos jardins suspensos da Babilónia de outrora. Mas a calçada também não está nada mal nas bermas.

Cinquenta metros ao lado as típicas Escadinhas do Alto da Piçarra, que ligam a Rua do pé da costa de baixo à sua irmã do pé da costa de cima. Não sabe qual é? Quando sai com o seu carrinho do Parque T1, vai por que rua?
Quanto à designação oficial "Alto da piçarra", significa em cima de uma rocha sedimentar. Mas "piçarra" pode ser também um nome próprio, e até um nome comum, para designar uma piça das grandes. O que significa neste caso, que as escadinhas têm uma cobertura de erva do ca..... Alguém se incomoda, entre os eleitos? Que ideia! Devem pensar que os turistas gostam assim. E realmente, esta manhã estava uma jovem chinesa a fotografar o muro, e não terá fotografado as escadinhas porque não se vêem da Rua do pé da costa de baixo. Por gostar? Ou para documentar a decadência de algumas pequenas cidades ocidentais?