sábado, 10 de março de 2018

O drama tomarense

A presente conjuntura tomarense não é muito diferente da de outras cidades do interior do país, a braços com problemas semelhantes. O nosso drama reside no facto de, ao contrário dessas outras terras, cujos autarcas buscam afanosamente ultrapassar os constrangimentos que encontraram ao tomar posse, a actual maioria autárquica nabantina insistir em fingir que faz, em vez de simplesmente fazer. Ou admitir que não sabe e pedir ajuda.
A senhora presidente Anabela Freitas é simpática, trabalhadora, corajosa, pecuniariamente honesta, tem presença, tem discurso e tem alguma experiência. Tudo factores favoráveis em termos de imagem. Infelizmente tem também, como qualquer outra pessoa, as suas limitações, os seus inconvenientes. Não sabe ouvir, não sabe pedir ajuda, não aceita críticas. Mantém as suas opções, mesmo quando manifestamente erradas, contra ventos e marés. Numa palavra: pesporrência.
Qualquer curioso, com bagagem e algum vagar, não terá grande dificuldade em elencar os principais problemas tomarenses:

1 - Aproveitamento das ruínas do Convento de Santa Iria e do ex-Colégio feminino
2 - Utilização plena e adequada do Museu polinucleado da Levada, o seu nome de origem
3 - Reabilitação e reutilização dos Pegões
4 - Instalação do Museu do brinquedo
5 - Alargamento da Estrada do Convento
6 - Resolução do problema da falta de estacionamento junto ao Convento de Cristo
7 - Parque subterrâneo na Várzea Grande
8 - Rotunda no Cruzamento junto à ARAL
9 - Concessão da Estalagem de Santa Iria
10 - Falta de postos de trabalho
11 - Falta de investimento
12 - Sangria demográfica
13 - Excesso de funcionários nalgumas áreas da autarquia e falta de trabalhadores noutras
14 - Prazos de pagamento demasiado longos (mais de um ano)
15 - Estacionamento na zona urbana para ligeiros e autocarros de turismo
16 - Tarifário dos SMAS
17 - Acampamento cigano do Flecheiro
18 - Gestão turística do Convento de Cristo
19 - Informação municipal
20 - Promoção da cidade e do concelho
21 - Modernização da rede de saneamento em parte do Núcleo histórico
22 - Ligação rápida e não poluente Cidade-Castelo-Cidade
23 - Sinalização rodoviária e pedonal
24 - Instalações sanitárias
25 - Falta de um plano abrangente e consequente

Perante tudo isto, e o mais que fica para outra ocasião, que tem para apresentar a senhora presidente? Em geral, apenas discurso e obras de fachada, para enfeitar, para alindar. Nada que melhore de forma substancial a vida de centenas de cidadãos.

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Estado actual do Pego de Santa Iria, o local onde, de acordo com a tradição, a padroeira de Tomar foi morta e atirada ao Nabão. Como habitualmente, a Câmara mandou fazer obras de fachada, mas quanto ao resto...

A Várzea grande é um caso paradigmático. A construção ali de um parque de estacionamento subterrâneo, como já existe em muitas cidades do país e por essa Europa fora, melhoraria muito a vida diária de centenas de cidadãos. A senhora presidente alegou que o dinheiro disponível se calhar não ia ser suficiente e recorreu a uma habilidade usual. (Atente-se no rigor da expressão "se calhar...") Avançou então com uma pretensa alternativa em estudo, coisa para 400 ou 500 lugares. Onde? Quando? Em que condições? Mistério.
Outro tanto sucede com o investimento. Fala de empresários estrangeiros, de investidores nacionais, mas entretanto nada, só conversa. Como no caso da poluição do Nabão. As análises revelaram 12 possíveis focos de poluição, segundo declarações da própria senhora presidente, mas os tomarenses que pagam os seus impostos, e por isso têm direito à informação, continuam a aguardar pelos nomes dos bois e respectivos currais.
Já no caso do novo local para a Feira de Santa Iria, apenas se sabe que há 3 alternativas. Quais? É segredo. Para a actual maioria, ao que parece (e em política o que parece é) os cidadãos só são adultos em três ocasiões: quando liquidam impostos; quando pagam a água dos SMAS, e quando votam. E mesmo assim, neste último caso, a julgar pelos resultados desde o 25 de Abril, os brasileiros costumam dizer "não sei não!" Mas aí a culpa não é só dos eleitos. É sobretudo dos eleitores.
Trata-se, segundo tudo indica, de uma política que procura dissimular, manipular, enganar, encher o olho e ficar no ouvido, raramente de resolver problemas. Uma política que não pode ir longe porque, como disse Lincoln, "é possível enganar alguns durante um certo tempo; mas é impossível enganar a todos durante muito tempo."
E estão previstas autárquicas para 2021. Com a candidatura eventual de António Paiva, que obteve 15.163 votos e 5 eleitos em 2001. O ano passado, o PS (mais os restos dos IpT) conseguiu apenas 7.972 votos, apesar de ter obtido 4 eleitos. Em 2013 tinha registado 5.479 votos. Mas entretanto os eleitores inscritos baixaram de 39.841 em 2001 para 34.518 em 2017. Cinco mil e tal foram às minhocas para outros lados...
E depois os culpados são "aqueles que só sabem dizer mal". "Pessimistas que nunca fizeram nada por Tomar".
Não há pior cego do que aquele que não quer ver.

1 comentário:

  1. Gosto deste estilo de criticar. Pedagógico. Afinal a presidenta tem qualidades relevantes! Bastas vezes os políticos carecem de reconhecimento, palavras de incentivo, como em qualquer outra atividade.

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