quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Sobre o projecto para a Várzea grande

Ponto prévio - Em Tomar, mostra a experiência que os períodos de discussão pública de projectos são apenas e só para cumprir calendário e o normativo europeu, transposto para a legislação portuguesa. Não servem para mais nada, porquanto os eleitos e os quadros técnicos da autarquia, salvo raras e honrosas excepções, são alérgicos à crítica e ao debate de ideias.
Ponto 1 - Esta participação no debate devia estar no blogue Tomar a dianteira 3, onde de resto já figuram várias das posições que adiante vão ser defendidas. Sucede contudo ser do domínio público que na autarquia ninguém lê o citado blogue, decerto devido à sua evidente má qualidade, nomeadamente em termos de escrita.
Ponto 2 - Apesar de muito variadas intervenções e de um video lamentável, é meu entendimento que ainda ninguém conseguiu fundamentar o projecto para a Várzea grande. Responder de forma simples mas cabal, convincente, a estas duas perguntas: Porquê e para quê estas obras na Várzea Grande? Porquê agora?
Ponto 3 - É fora de dúvidas que os fundos europeus não são argumento apresentável, uma vez que se um dia destes a UE atribuir subsídios para a castração de suínos, por exemplo, decerto que a autarquia não vai comprar animais dessa espécie só para depois os capar e receber o subsídio. Ou vai?
Ponto 4 - O projecto agora em discussão carece de qualidade, em termos de imaginação. Querer transformar o tradicional rossio multi-secular tomarense, que sempre foi campo de feira, numa praça urbana é pura estultícia, de resto baseada em dados falsos. Por uma lado, a Praça do município não é onde se quer, mas sim onde estão os Paços do Concelho. Além disso, a Várzea grande carece de centralidade, de edificado habitado. Por outro lado, ao contrário do que é referido no projecto e no seu pobre vídeo de apoio, aquele obelisco que ocupa o que foi o centro da várzea antes da construção do Palácio da justiça, (e que estava desde o século XVII onde se encontra agora a  Rodoviária, o primitivo centro até à implantação do caminho de ferro), aquele obelisco é um padrão filipino e não um pelourinho, com o qual não tem qualquer relação.
Ponto 5 - Tal como está, o projecto visa enfeitar todo aquele espaço e reduzir drasticamente os lugares de estacionamento gratuito, decerto para que mais tarde a câmara possa facturar  mais uns euros. A fazer-se obra, o mais correcto seria aproveitar a substituição das árvores para escavar um parque subterrâneo, tanto para automóveis como para autocarros.
Ponto 6 - O facto da DGPC ter proibido o previsto parque para autocarros de turismo no ângulo noroeste, atirou com ele para a parte sul do tabuleiro central, frente à entrada da Rodoviária. Temos assim um contradição nos factos: retira-se o estacionamento de ligeiros mas coloca-se um aparcamento para autocarros. Onde é que está a lógica?
Ponto 7 - Aquela cercadura de árvores azul-violeta está linda. Infelizmente trata-se de mais um logro do projectista, porque os jacarandás é que dão flores assim, mas não têm a copa arredondada. Basta reparar nos que estão frente à sede da Gualdim Pais...
Ponto 8 - Além do problema arbóreo, há também a questão dos espaços verdes e dos pavimentos. Se, no estado actual das coisas, a câmara já nem sempre consegue dar conta do recado em termos de manutenção dos espaços verdes e calçadas já existentes, onde vai depois obter recursos para contratar mais pessoal para esse efeito? Já está a contar com as novas verbas do estacionamento? Sempre a correr atrás de receitas hipotéticas?
Ponto 9 - Ao limitar o trânsito norte sul na via poente, frente a S. Francisco, a autarquia está a arranjar um bico de obra, quiçá sem disso se dar conta. Quando a PSP, após ordem legítima, proibir a circulação no eixo Estrada de Leiria, Marquês de Tomar, Levada, Rotunda, Torres Pinheiro, (durante o cortejo dos tabuleiros, por exemplo), os automobilistas passam por onde, a partir  do cruzamento Rua Infantaria 15 - Rua da Graça?
Ponto 10 - O falecido tomarense Manuel Martins costumava dizer que "Deus nosso senhor não tem culpa nenhuma de ser pai de tanto filho bruto". Eu, filho bruto, me confesso: Concordo com ele.

(Esta tomada de posição foi enviada ontem para obrasmunicipais@cm-tomar.pt)

Sem comentários:

Enviar um comentário