segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Para se ter uma ideia...

Para se ter uma ideia da enormidade das tarifas praticadas pelos SMAS, consentidas há anos pelos tomarenses, basta comparar com os concelhos próximos, conforme se pode confirmar aqui. Quanto a comparar custos de produção e de encaminhamento, tal ainda não é possível. Tudo continua envolto naquele mistério do "contrato leonino celebrado no tempo do Paiva, que não pode ser renegociado". Parece estranho, é estranho, mas é o que temos. Que obriga a indagar noutras paragens. 


Duas imagens de uma instalação de transformação de água do mar, nas Ilhas Canárias (Fotos copiadas de ElPais online)

Numa análise do El Pais, ficamos a saber que, nas ilhas Canárias, abastecidas em grande parte com água do mar previamente dessalinizada, o tarifário vai aumentar 21%. Na região sul da Península Ibérica, designadamente devido à redução dos transvases Tejo-Segura provocada pela seca, (não há transvases desde Maio de 2017), as regiões afectadas estão também a recorrer cada vez mais à água do Mediterrâneo.
Segundo dados da Associação Internacional de Dessalinização, reportados pela BBC em 2017 e citados pelo El Pais, os custos para transformar água do mar em água potável são em média de 84 cêntimos/metro cúbico. O que pode vir a triplicar a breve prazo os custos para os consumidores.
Em Tomar e na região, podemos estar descansados, porque consumimos sobretudo água do Castelo do Bode? Parece que não. Por um lado, apesar da proximidade,  já  estamos a pagar a água do Castelo do Bode muito mais cara do que a água do mar tornada potável no sul de Espanha e nas Canárias: 1,111€/metro cúbico, mais a tarifa fixa mensal de 4,93 euros, contra os antes citados 0,84€/metro cúbico. Por outro lado, quem nos garante que a bacia do Zêzere vai continuar a assegurar sem problemas o abastecimento de uma comunidade humana que não pára de aumentar, embora esteja a definhar em Tomar?
Que tem  isto a ver com os consumidores tomarenses? Muito. Ignoramos os custos de produção da EPAL, em relação à água captada no Castelo do Bode e tratada na Asseiceira, tal como continuamos a ignorar os precisos termos do tão falado "contrato leonino". Ignoramos também porque não pode esse contrato ser renegociado, tal como não nos damos conta de uma verdade elementar no mundo actual: A parte com menos peso humano, tem sempre menos peso negocial. Com a pouca população tomarense a diminuir de ano para ano, não é difícil imaginar qual o peso negocial dos SMAS ante a EPAL.
Se calhar é designadamente por isso que o tal contrato não é negociável. Além de que é muito mais cómodo usá-lo como argumento, e ir metendo a mão ao bolso dos forçados consumidores tomarenses, que apesar de abusados, continuam mudos e quedos. Pobre terra.

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