quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Os tomarenses e os seus notáveis

Conclusão

Fernando de Oliveira foi presidente da câmara de Tomar durante onze anos, entre 1946 e 1957. Nunca Tomar mudou tanto. A sua obra aí está para o demonstrar: Primeiro plano de Urbanização, Estalagem de Santa Iria, Mercado, Estádio, Palácio da Justiça, Bairro Salazar (agora 1º de Maio, porque rebaptizar é fácil), Bairro da caixa, Bairro da Senhora dos Anjos, novas artérias de Além da ponte. Como se tal não bastasse, nunca recusou um pedido para ajudar qualquer conterrâneo em dificuldade. Incluindo os seus adversários políticos. 
Deixou-nos, pouco tempo depois do 25 de Abril, pobre como sempre viveu, após ter desempenhado altos cargos, nos quais se podia ter "amanhado" largamente.
Realizador, fraterno, honesto até à medula, é tudo isto que incomoda a consciência colectiva nabantina. Apesar do ódio mal disfarçado, há a noção de que Fernando de Oliveira está muito lá em cima, onde poucos conseguem chegar.
O modesto marco à sua memória (ver texto anterior) tem dois aspectos. Honra os que tiveram a ousadia de, contra a corrente dominante, o terem mandado fazer e ali instalar. Sei que não foi tarefa fácil.
Envergonha os tomarenses todos, quando se comparam as homenagens prestadas aos notáveis locais. O maior de todos eles na idade moderna teve direito até agora ao monumento mais pequeno, excluindo o busto de Manuel Mendes Godinho. Como se tal não bastasse, mãos anónimas, como sempre acontece nestes casos, mandaram instalar junto ao pilar em mármore um bebedouro e uma papeleira, vulgo caixote do lixo.
O bebedouro é para tentar debelar a sede de vingança e o ódio que continuam a pairar nas margens nabantinas, em relação a Fernando de Oliveira. O caixote do lixo está-se mesmo a ver qual o seu nefando papel.
O general maldito sabia que assim o consideravam. Várias vezes disse em público que "esta terra é madrinha para os de fora e madrasta para os seus filhos". Não estava enganado.
Pobre terra. Desgraçada gente, que até odeia os seus próprios maiores, em vez de os tomar como exemplo.
Continuando por tal caminho, que tão bons resultados nos tem dado, conforme está à vista de quem não seja ideologicamente invisual, restam apenas poucas décadas para Tomar desaparecer dos mapas, como urbe habitada. Convenhamos que não fará grande falta, uma vez que o património fica, a fraca gente é que se vai. Tão fraca que insiste em dar cabeçadas na parede, ao mesmo tempo que se queixa de ter a cabeça cheia de "galos". 
Não é inteligente quem quer. Só quem tem recursos para isso.




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