terça-feira, 9 de janeiro de 2018

É tudo muito relativo

Tomar na rede teve a amabilidade, que naturalmente se agradece, de noticiar que os buracos evocados nestas colunas já estavam a ser tapados por pessoal da autarquia. Fê-lo porém de tal modo que os leitores terão ficado com a impressão que foi um caso de "tiro e queda". Que lida a reclamação, houve logo quem mandasse reparar. Sucede que não foi bem assim.
Na verdade, Tomar a dianteira reclamou várias vezes e durante mais de um mês, até que lá vieram então os calceteiros municipais, só depois de o autor destas linhas já estar de novo em Fortaleza, Ceará, Brasil, numa atitude de evidente boa vontade. É até muito provável que tenham vindo os ditos profissionais com alguma relutância, ou má vontade, para usar um termo mais popular.
Se assim foi, como eu os entendo! Reparar buracos naquela parte do centro histórico, ainda com os esgotos tipo idade média, equivale a coser meias (coisa que já não se faz) com linha podre. Como o emissário de efluentes não é estanque, tornou-se uma espécie de metropolitano de toupeiras e ratos, os quais vão escavando galerias, consoante as suas necessidades de saída para superfície. Depois, basta a normal passagem dos carros para a calçada abater e aparecerem os tais buracos. Juntando a isso as sucessivas roturas da rede de água, que data de 1937, temos o panorama completo.
Os calceteiros camarários são assim forçados a desempenhar tarefas ingratas, repetitivas, semelhantes àquela que existiu em tempos no exército. Mandavam cavar trincheiras com um metro de fundo, que ordenavam tapar logo a seguir, e assim sucessivamente. É portanto natural que os referidos funcionários municipais não andem satisfeitos, apesar das sucessivas palmadas nas costas, das 35 horas e do descongelamento de carreiras.

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Mas essa circunstância também não justifica por si só que um deles me tenha virado ostensivamente as costas um dia destes, quando se preparava para reparar um buraco na Rua do Pé da Costa de Baixo. Prefiro pensar que se tratou de mero acaso e não de deliberado acto de má educação. Que não seria caso único. Até já houve estranha falta de técnicos, quando se tratou de cumprir ordens no sentido de fornecerem detalhes sobre a desclassificação das Ruínas de Cardais. Valeu na circunstância a evidente boa vontade de uma funcionária dedicada e bem educada...que não integra o pessoal da prestigiada DGT. Concluindo, tarde é o que nunca vem. Ou, se preferirem, cá se fazem, cá se pagam. Mais tarde ou mais cedo. 
Esperando que entretanto se vão lembrando que até Mário Soares, que era um moderado, sempre defendeu o direito à indignação.

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