segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Saber, saber dizer e saber fazer

Nos seus comentários citados no texto anterior, António Paiva foi categórico. Sem usar o termo, desmentiu que não haja verbas disponíveis para o saneamento. Acrescentou que exigem engenho e trabalho, sendo que os políticos são eleitos para isso mesmo -para trabalhar.
Ao referir uma questão tão sensível como a do saneamento, tanto no centro histórico como no resto do concelho, Paiva acertou em cheio. Tomar é realmente uma vergonha a nível nacional nessa matéria, uma vez que apenas 50% da população beneficia de saneamento em condições. Admitindo que os respectivos dados estatísticos municipais sejam fidedignos. Ao ponto a que chegaram as coisas, não surpreenderia se os ditos 50% correspondessem afinal a 30 ou 40%, empolados no papel para enganar incautos. Não seria caso virgem.
No saneamento como no resto, a experiência vem demonstrando, ao longo dos mais de quarenta anos de eleições livres e directas que já levamos, que convém escolher os melhores. E esses são os que basicamente sabem, sabem dizer e sabem fazer. Infelizmente, aqui em Tomar, por falta de escolha ou simples erros do eleitorado, temos tido sempre, (com a notável excepção do próprio Paiva), gente que sabe, ou julga que sabe, até sabe dizer e diz bem, mas quanto a saber fazer, é uma verdadeira desgraça. As asneiras sucedem-se, mas o orgulho desmedido, a auto-suficiência e a necessidade, impedem que apareçam as melhores soluções para o concelho.
O excesso de orgulho impede que dêem o braço a torcer. A auto-suficiência doentia não deixa pedir ajuda. A necessidade material impossibilita a demissão, porque "cá fora" viriam ganhar muito menos. Além do "penacho", a ascensão social, o reconhecimento público. Uma coisa é ser eleito, ter sido escolhido; outra muito diferente em termos de auto-estima é não passar de um obscuro funcionário público de província. Nestas condições, de asneira em asneira, de carência em carência, de palavreado em palavreado, com o êxodo populacional a acentuar-se de dia para dia, a pergunta impõe-se: -Até quando vai o concelho aguentar esta cada vez mais evidente decadência?
Uma vez que felizmente vivemos em democracia, não adianta perguntar quem nos acode. Ninguém nos virá acudir. Temos de ser nós a meter mãos à obra. Como? Antes de mais realizando e participando em debates sérios e abertos. O resto virá por acréscimo. No quentinho, a ver novelos e futebol na televisão, é que não vamos ter de certeza grande futuro.

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