terça-feira, 12 de setembro de 2017

Mutatis mutandi

Tenciono votar PS no próximo dia 1. Um voto sentimental. Dito isto, que não é pouca coisa, a três semanas do pleito eleitoral, nada me obriga a estar sempre de acordo com o que fazem os eleitos e/ou os candidatos socialistas. Em Tomar ou alhures. Socialista sim, carneiro nunca. Aqui chegado, quem lê estará cogitando o que vem aqui fazer aquela expressão latina, que poderá ser tudo menos clara. Já lá vamos.
Mutatis mutandi é a maneira mais rápida de dizer "mudando o que é necessário" ou "com as alterações que se impõem". Neste caso, tendo como referência as autárquicas de 2013 em Tomar, ganhas à rasca pelo PS, que alcançou apenas mais 287 votos que o PSD, num universo de 36 mil votantes potenciais. Quem bem se lembra sabe que, nessas autárquicas, Carlos Carrão logrou ser aceite como cabeça de lista, afiançando que tinha obra feita, que contava com o apoio dos presidentes de junta, que tinha um projecto e lembrando que estava no poder.
Quatro anos volvidos, tenho a impressão que estamos praticamente na mesma "com as alterações que se impõem". Desta vez  Carrão chama-se Anabela,  sendo  Delgado a Anabela de 2013. No resto, os trunfos, as atitudes e os argumentos de parte a parte, são praticamente os mesmos. Com dois detalhes a ter em conta: 1 - Há menos 1862 eleitores inscritos; 2 - O PSD continua a governar 5 freguesias e o PS apenas 4, sendo porém verdade que as freguesias socialistas são as que contam de longe mais eleitores.
Em 2013, apesar de todas as suas certezas, Carrão perdeu. Por pouco, mas perdeu o poiso municipal. Conseguiu contudo, logo depois, outro assaz rentável. Coisas da política autárquica, que talvez alguém tenha um dia a coragem de esmiuçar. Em 2017, mutatis mutandi, não ficaria surpreendido se Anabela Freitas viesse a ser vítima da velha sentença popular "quem com ferros mata, com ferros morre". Oxalá que não, mas o evidente autismo político da actual equipa rosa, o seu convencimento, não augura nada de bom. É sem dúvida mais confortável ignorar as críticas, fingir que não se ouve, não se vê, nem se lê.. Mas tudo isso se paga depois nas urnas porque, lá está, reza a tradição popular que "cá se fazem, cá se pagam".
A actual maioria relativa tem algum trabalho feito? Tem sim senhor. Mas o PSD tem o benefício da dúvida, exactamente aquilo que deu a vitória ao PS em 2013. Porque entre a modesta obra feita e as grandiosas promessas, os eleitores preferem sempre estas. Foi o que derrubou Carrão.
No próximo dia 1, veremos quem tem razão. O convencido PS ou o laborioso e dialogante PSD.

PS
Uma vez lido o texto, alguns perguntarão o que me leva a votar socialista, apesar de tudo. A resposta é simples. A paixão não tem explicação possível, porque nunca é racional. Por isso explicitei, logo no início, que será um voto sentimental. Também na política, não há amor como o primeiro.

3 comentários:

  1. Por causa dessa lógica, é que Todos Nós estamos como estamos, independentemente se o candidato é ou não competente para o cargo que concorre. Enquanto os candidatos e Eleitores (Pessoas) não mudarem a forma de pensar, não vamos longe. E isto, porque em primeiro lugar deveria estar sempre os interesses da Terra á qual se concorre, e nunca, mas mesmo nunca os interesses partidários ou pessoais de cada um, como tem acontecido. Como tal iremos continuar na mesma cepa torta. E já agora, onde é que está o projecto detalhado (o que é que na realidade vai ser feito, excluindo as promessas) de cada um para o Concelho de Tomar ???

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  2. Agora é que foi o "fim da picada". Já se percebeu que o Sr. Rebelo baralha tudo e mais alguma coisa, que não tem uma única linha reta mas este texto é que foi de um desabar completo. Então anda para aqui com uma total obsessão pelos programas eleitorais, todo cheio de teorias e pregações e depois diz que vai votar num partido (seja ele qual for) só por sentimentalismo?! Olhe, eu confesso, quando acabei de ler, dei uma enorme gargalhada! Eu tenho visto muito nesta longa vida, mas este ridículo, nunca pensei presenciar.
    Todos estes meses a falar em programas e programinhas, o que o Sr. falou sobre o Dr. Boavida que não tinha pulso, etc. que não havia candidatos com garra, etc. e depois vem dizer que vai votar só por emoção. Se os nossos jovens seguissem o seu exemplo, então ai é que estávamos mesmo perdidos. Desculpe, mas a partir de agora vou ler os seus textos como pertencentes a um blog de comédia.

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    1. Os factos são sagrados, mas a opinião é livre, felizmente.
      Acho uma excelente ideia essa de passar a ler o que escrevo como mera comédia. E se deixar de me ler, também acharei óptimo.

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