sábado, 5 de agosto de 2017

Retrocesso demográfico

Será mesmo como dizem os autarcas?


É sabido que as questões políticas ou equiparadas são, aqui pelas bandas de Tomar, matéria a evitar pela informação. Pior ainda, quem resolve transgredir essa norma social não escrita, passa a fazer parte do grupo de gente esquisita, que não regula totalmente bem da cabeça. Assim sucede, por exemplo, com essa aborrecida questão da população que continua a diminuir, respectivas causas e maçadoras consequências. Que só complica a vida dos senhores autarcas, dos senhores políticos e dos restantes cidadãos bem-pensantes. Desnecessariamente, já se vê! Por isso, exceptuando os blogues, o silêncio é de oiro sobre tal matéria. Compreende-se. 
Não é porém assim em todos os concelhos da região. A título de ilustração, O Mirante desta semana publica, na página 13, esta carta de uma leitura, eventualmente simples nome suposto, mas mesmo assim bem oportuna:


Na verdade, de acordo com os dados oficiais que consultei, Tomar perdeu 1.560 eleitores desde 2013, em vez dos 1.833 anunciados na carta da leitora. Facto secundário em relação ao que agora importa. Segundo escreve, "são cidades médias, têm ensino superior politécnico, ... ... auto-estrada à porta ... tudo aquilo que os autarcas dizem ser essencial para atrair população. Mas não atraem." Tem razão Filomena Terrugem. Comungo da sua dúvida e do seu questionamento implícito. Omitiu porém um caso importante. 
Este:  Ourém é também uma cidade média do interior e faz parte do distrito de Santarém. Não tem ensino politécnico, não tem auto-estrada à porta, não tem militares, nem tem sequer hospital moderno. Apesar de tão graves carências, consegue manter a sua população. Entre 2013 e 2017 perdeu apenas 37 eleitores, o que é insignificante em termos estatísticos. Sobretudo tendo em conta que ultrapassou Tomar a partir de 2009 (37.990 eleitores inscritos em 2005 em Ourém, contra 38.746 em Tomar; 43.880 eleitores inscritos em Ourém em 2009 contra 38.724 em Tomar; 43.368 em Ourém, contra 35.750 em Tomar, em 2017).
Porque será? As coisas serão mesmo como sustentam os autarcas que refere no seu escrito? Não haverá outros caminhos para o progresso e o inerente incremento populacional, como menos recurso ao Estado e ao betão? Talvez não fosse má ideia ir pensando melhor nessa matéria. Sobretudo nestes tempos de pré-campanha eleitoral, com a concomitante elaboração de programas e outras promessas mais ou menos realistas.

ADENDA
"Eventualmente simples nome suposto", escrevi acima. Procedi assim porque o estilo de Filomena Terrugem, o seu português acerado, me parecem ser de JAE. Pode porém tratar-se de mera coincidência. Ou Filomena Terrugem ser uma discípula de JAE, cujo estilo adora copiar. Tudo é possível.

8 comentários:

  1. É uma tarefa complicada. As pessoas fogem cada vez mais para os grandes centros urbanos, onde há tudo, ou quase tudo, do melhor em todos os domínios. A pessoa perde um emprego e pode rapidamente encontrar outro, o que não acontece nas cidades pequenas e médias do interior. A moderna tecnologia centra-se cada vez mais nas grandes cidades. Há já a perspetiva de construção nas grandes cidades de prédios de 20 e 30 andares subterrâneos. Ainda este século, 80% da população vai viver em grandes cidades, dizem os estudiosos. É por isso que alguns políticos me parecem demasiado ingénuos quando propõem o povoamento do interior. Não sei. O grande Capital joga com todos os fatores. Uma pessoa perde um emprego em Tomar, tem a prestação da casa, e depois... É complicado. Se não tiverem uma boa ligação a um partido do poder para uma cunha, estão perdidos. Custa-me dizer isto, mas os partidos são em muitos casos agências de emprego, especialmente no interior. Porque é que em cidades como Tomar são funcionários públicos a encabeçar as propostas partidárias? Digo eu.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. O meu comentário anterior foi removido porque faltavam algumas palavras. Segue a versão revista.
      Em Tomar o cabeça de lista do PSD não é funcionário público e o candidato PS em Ourém também não.
      Mantém-se sem resposta o facto de Ourém ter ultrapassado Tomar em termos de população, apesar de não ter alguns equipamentos considerados básicos (auto-estrada, ensino superior, hospital, estádio, quartel militar) que existem nas margens do Nabão.

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  2. O Concelho de Ourém conta com Fátima que se tem desenvolvido e de que maneira ao longo dos últimos anos. Temos o Vaticano de Portugal aqui mesmo ao lado...

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    1. Tem razão. Há Fátima, factor que já assinalei em escritos anterior. Mas em Tomar temos o Convento que, mesmo mal explorado, atrai 300 mil visitantes por ano. E no entanto... Será alguma maldição?

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    2. Existe um denominador comum: O potencial de Fátima (aqui mesmo ao lado) e o Convento de Cristo. Chamar "Maldição ?". Eu chamaria "Competência".

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    3. Como estamos em tempo de eleições é um filão a explorar. Agora uma coisa é certa, a sorte dá muito trabalho.

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    4. Ora aí está! Juntando trabalho árduo, ideias novas, persistência, humildade e habilidade, a sorte nunca tarda a manifestar-se. Infelizmente, são tudo coisas de alto coturno, das alturas portanto, e Tomar fica numa cova.

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