quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Agroal, uma imagem da nossa incapacidade

"Camiões a despejar seixos no Agroal, GNR avisada", noticiou a Radio Hertz em "última hora", acrescentando que "podem estar em causa obras a mando da Câmara de Ourém, em território tomarense e sem autorização".
Fui lá ontem, quarta-feira, e já não vi nada. Ou por outra: não vi os seixos em parte alguma. Apenas marcas das "lagartas" da máquina escavadora. Mas vi o mesmo de sempre, conforme documentam as fotos mais abaixo. A margem situada no concelho de Ourém devidamente urbanizada, alegre e equipada. A margem tomarense absolutamente selvagem e desprovida de qualquer apoio sanitário. Há apenas os vendedores ambulantes aos fins de semana. Tristeza.
O paradigma perfeito. Enquanto Ourém e o seu concelho vão andando rumo ao futuro, Tomar parece ter parado no tempo, com todas as consequências daí resultantes. E quando escrevo "parece" é porque procuro evitar ser demasiado agreste.
Porque é realmente muito deprimente constatar que do lado tomarense os frequentadores do Agroal preferem ir fazer as suas necessidades no matagal da encosta, para evitarem ir aos sanitários do lado de lá. Presenciei vários casos. Acresce que do lado tomarense o único equipamento sãos os sacos para o lixo ...colocados e mudados pela câmara de Ourém!

Fotos da margem tomarense




Fotos da margem oureense











Uma vez que tudo tem uma explicação. Porquê tamanha diferença? Quem esclarece ? Até há seis décadas atrás, os tomarenses organizavam anualmente um muito participado passeio em burros até ao Nascente do Rio. Uma romaria até ao local onde brotam da rocha as frescas águas do Nabão. Entretanto perdeu-se essa tradição, alegadamente por falta de alimárias. É muito estranho.

ACTUALIZAÇÃO ÀS 15H30 DE 03/08/2017

A Rádio Hertz noticia aqui que as carradas de seixos terão sido para reparar o fundo da piscina. Nesse caso, acrescento eu, terão vindo pelo lado de Tomar para não incomodarem os banhistas do lado de Ourém. Está bem visto, sim senhor.
Há outra vertente que me surpreende, ou nem tanto. Dezenas de pessoas a mijarem e a defecarem no mato da encosta, ausência total de equipamentos de apoio ou de vigilância, nada disto parece incomodar a Junta de freguesia da Sabacheira ou a Câmara de Tomar. Mas três camiões de pedra no leito do rio, a mando da Câmara de Ourém, alto lá que nos estão a invadir o território! Malandros dos Oureenses. Bem vistas as coisas, até deviam tirar os sacos do lixo e respectivo suporte, que colocaram do lado de cá, tudo indica que abusivamente. Como se clamava há duas ou três décadas -Isto é que vai uma crise!

3 comentários:

  1. No ano passado fui lá beber um copo com um amigo para matar saudades e, do lado de cá, quase tudo como há dezenas de anos. O melhor é atribuir aquela área a uma só câmara. Concordo. De preferência, ao lado de lá.

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  2. Meu Caro Amigo, está tudo correcto no seu texto, mas na minha opinião, não faltam as alimárias, para se cumprir a tradição, pois existem ainda em grande número, o que faltam são as carroças, que como da minha terra Curvaceiras, iam também todos os anos ao Agroal.
    O facto é que vão vários anos, que Tomar perdeu para Ourém, a batalha do progresso e qualidade no Agroal, ponto final.

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    1. Se tivéssemos perdido a dita batalha só no caso do Agroal, já seria mau. Assim é uma verdadeira tragédia, que infelizmente parece incomodar muito pouca gente. Há até muitos que estão honestamente convencidos de que está tudo bem, tirando uma coisita aqui ou ali. Uma lástima. Nem as próprias vítimas se dão conta da doença fatal que ataca o concelho há muito.

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