domingo, 16 de julho de 2017

Uma herança pesadíssima

A actual maioria PS na autarquia tomarense tem os seus defeitos. Estou à vontade para o dizer, uma vez que nunca calei as minhas críticas, que sempre procurei fundamentar. Uma delas tem sido para zurzir no hábito de atribuir as dificuldades todas à herança recebida, prática que me parece descabida e mesmo contraproducente, sobretudo agora no último ano de mandato.
Dito isto, Anabela Freitas, Hugo Cristóvão, Hugo Costa e respectivos apoiantes têm razão num ponto. A herança recebida das anteriores câmaras PSD não foi só pesada ou muito pesada. Foi mesmo pesadíssima. Designadamente na área financeira, onde chegaram até a ter algumas dificuldades para assegurar o pagamento aos funcionários.
A maior chaga nessa área era o encargo resultante do conflito com a ParqT, que implicou numa dívida total de mais de sete milhões de euros, com juros leoninos de 9%. Solucionado este monumental desastre municipal, após morosa e delicada negociação com a banca, o município vai continuar a pagar durante os próximos vinte anos, agora porém com taxa de juro inferior a 2%. São aspectos que convém realçar, sobretudo em véspera de eleições.
Dizem os gauleses que por vezes o acaso é muito oportuno. É o que acaba de acontecer. Quando lia o EXPRESSO em suporte papel, o que faço regularmente quando estou em Tomar, deparei-me com este anúncio de meia página:

Expresso, 15/07/2017, 1º caderno, página 26

É do domínio público que o parque tomarense atingiu o custo total obsceno de sete milhões e duzentos mil euros. Tudo na sequência de manigâncias que ainda ninguém conseguiu apurar integralmente. Eu próprio já solicitei várias vezes a consulta do processo, ao abrigo do direito à informação. Tenho sido informado que o processo se encontra em segredo de justiça, mas que logo que deixe de estar me será comunicado e facultada a consulta:



Continuo portanto a aguardar, agora surpreendido com esta discrepância enorme: Um parque de estacionamento de dimensão comparável ao de Tomar, com estação de serviço, situado na baixa coimbrã, a dois passos de tudo, à venda por apenas 390 mil euros, obriga a perguntar, mesmo sem esperança alguma de um dia vir a obter respostas: Quem se abotoou com os milhões do parque tomarense? O Tribunal administrativo de Lisboa conseguiu chegar a alguma conclusão? Se afirmativo, qual?

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