quinta-feira, 1 de junho de 2017

Agir sem pensar nas consequências

Numa sequência de três textos, que podem ser lidos, respectivamente, aqui, aqui e aqui, Tomar a dianteira 3 procurou fazer aquilo que a informação local não pode, não sabe ou não quer levar a efeito: escrutinar a correcção e a pertinência das decisões camarárias, que a todos dizem respeito. No caso em apreço, chegou-se à conclusão que o tradicional Caminho Português de Santiago foi abusivamente mal sinalizado em parte do percurso concelhio, sem qualquer justificação ou outra explicação. Situação grave, pois conforme se demonstrou coloca em risco a vida dos turistas caminheiros. Se, fiados na sinalização colocada sob a égide do executivo camarário, vão pelo trajecto indicado, que é extremamente difícil e perigoso, podem vir a sofrer percalços menos agradáveis. E os usuais meios de socorro não têm como lá chegar.
Na sequência das citadas notícias, mão amiga a quem se agradece, fez chegar a Tomar a dianteira 3 este guia oficial, editado em português por uma associação galega de Santiago de Compostela:


Neste guia, assim uma espécie de bíblia do peregrino que ruma a Santiago, as etapas 5 e 6 são, respectivamente, de chegada e partida de Tomar:


Na etapa 6, Tomar-Alvaiázere, o percurso proposto para chegar à ponte de Peniche é totalmente diferente daquele que foi e está sinalizado sob a égide da Câmara:


Nestas condições, os turistas caminheiros que tenham o guia mas resolvam seguir a sinalética urbana em Tomar, e venham a sofrer qualquer percalço, irão queixar-se contra o Município. Com toda  a razão, diga-se. Porque não se mandam assim pessoas desprevenidas para locais inóspitos, difíceis e potencialmente perigosos.
Demandada na justiça, que poderá a Câmara alegar em sua defesa? Que os dois itinerários propostos são semelhantes, uma vez que conduzem ao mesmo local, a Ponte de Peniche? Não é de todo o caso. O itinerário indicado no guia permite auxílio de urgência em qualquer parte do percurso, mediante o recurso a ambulâncias, por exemplo. Pelo contrário, a caminhada via Boca da Vala e Açude de Pedra não permite qualquer tipo de acesso motorizado, nem mesmo aéreo, em boa parte do caminho.
Resta por conseguinte à autarquia tomarense reconhecer o erro e mandar retirar a sinalética do Caminho de Santiago a partir da esquina da Rua do Centro Republicano, indicando que  a coloquem em conformidade com o texto do guia. Se, por orgulho ou birra, assim não proceder, quando um dia houver algum azar, não terá qualquer respaldo jurídico, restando-lhe apenas pagar as avultadas compensações que não deixarão de ser pedidas em sede de poder judicial. Com as consequências que não custa adivinhar.
Fica o aviso.

Adenda, às 07H20 de 01/06/2017

Noticia a Rádio Hertz aqui que deputados do PSD por Santarém acusam o governo de estar a patrocinar a alteração de caminhos centenários de peregrinação rumo a Santiago de Compostela. A usual falta de informação completa e atempada não permite por agora saber de que projecto ou projectos se trata.  


1 comentário:

  1. No cruzamento da Rua dos Construtores Civis com a Av. Dr. Egas Moniz existe um marco que indica o percurso ascendente desta avenida na direcção da Praça de Touros. Se for seguido vai dar à Rua António Faustino e que coincide com o indicado no guia. Registe-se que se encontram muitos caminheiros na ciclovia/pedonal da EN 110 (na zona acima do quartel, frente à Cave da Irene e adjacentes) que perguntam pela Ponte de Peniche e caminho de Santiago. Se no cruzamento do Carrascal fosse colocada uma tabuleta com a indicação da Ponte e no Carrascal uma outra tudo seria muito mais fácil. Pensem nisto, p. f. !

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