domingo, 14 de maio de 2017

Somos mesmo o país das maravilhas

Somos mesmo o país da maravilhas, pensamos nós, os portugueses. Os outros pensam em geral diferente. Acabo de ler no eco.pt uma maravilha de análise, escrita por Marta Santos Silva e com um título para mim de todo inesperado -Macron e Costa: o que os une e o que os separa. Sendo certo que logo após a brilhante vitória de Macron, o nosso primeiro se apressou a dizer que há grande convergência no que toca à Europa, a verdade é que mesmo aí as expectativas são diferentes. Macron pretende reformar a União Europeia para a reforçar. Costa, pelo contrário, pretende apenas reformas que possam conduzir a uma situação em que os países do norte paguem as dívidas do sul.
Quanto ao resto, não me parece que haja ou possa vir a haver qualquer convergência. Pelo contrário. Na área das alianças, por exemplo, Macron olha a partir da esquerda moderada para o centro e para a direita. Ao invés, Costa olha da esquerda para a extrema esquerda. E depois há as grandes reformas já anunciadas por Macron. Tenciona suprimir 120 mil lugares na função pública durante o seu mandato. Excluindo a efectivação dos precários, Costa vai suprimir quantos? Macron prometeu igualmente unificar os múltiplos regimes de aposentação existentes em França. Costa prometeu a unificação do regime das pensões privadas com as aposentações públicas para quando?
Sendo certo que na política é indispensável saber dar música aos eleitores, haverá alguma comparação nesta área entre Macron e Costa? Infelizmente também não. Macron já demonstrou várias vezes tocando, que é um pianista profissional de bom nível. Costa toca que instrumento?
Finalmente, em termos de preparação académica, Macron tem um master da Universidade de Paris X, o diploma de Sciences Po Paris e concluiu com brilho a prestigiada ENA. Além da licenciatura em direito pela Universidade de Lisboa, que outros graus académicos ostenta Costa?
De quando em vez, alguns jornalistas analistas saem-se com cada comparação... Porque, ou estou a ver mal, ou o título da dita análise devia ser Macron e Costa: tudo os separa. Até a atitude perante o outro. Costa quer-se colar, tipo mosca do coche. Macron mal sabe quem é Costa.

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