quinta-feira, 11 de maio de 2017

Prognóstico em futebolês?

Pode ler-se no Cidade de Tomar hoje à venda uma entrevista de Bruno Graça, vereador e candidato da CDU, com perguntas feitas por Ana Felício e Elsa Lourenço. Após afirmar que o acordo com o PS continua válido, porque o contrário seria pior para a população, o eleito da CDU vinca que as promessas da CDU foram todas cumpridas, ou estão em vias disso, como no caso das hortas comunitárias.

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Mais adiante, questionado sobre os objectivos da CDU nas próximas autarcas, o vereador foi lapidar: "O objectivo mínimo é duplicar os votos e alcançar um segundo vereador." Esta afirmação não é nova. Já mereceu até um anterior comentário neste blogue, no qual é referido não se ver como possa Bruno Graça vir a ter razão, uma vez que os dados disponíveis, designadamente o facto de os IpT não concorrerem, parecem apontar em sentido oposto. A CDU corre o risco de não eleger nenhum vereador, porque num mano a mano PS/PSD, o mais provável, tendo em conta os resultados anteriores é um 4/3.
Procurando tirar as coisas a limpo na medida do possível, recorreu-se mais uma vez aos dados oficiais da CNE e do MAI. Eis o que mostram:

Resultados eleitorais da FEPU, depois APU, actualmente CDU, no concelho de Tomar


Ano            % de votos     Vereadores

1976             7,45%                 -
1979             8,13%                 -
1982           12,29%                 1
1985           12,30%                 1
1989           12,43%                 1
1993             5,65%                 -
1997           20,77%                 1
2001             4,78%                 -
2005             6,15%                 -
2009             7,32%                 -
2013             9,19%                 1

Perante um tal quadro, salvo melhor opinião fundamentada, em 11 consultas eleitorais a CDU só conseguiu um vereador em cinco. Outro dado interessante, após uma curta série de resultados em ascensão, como em 1976 >1989, segue-se um desastre de grandes proporções (5,65%, em 1993). Ao melhor resultado de sempre, 20,77% em 1997, seguiu-se o pior resultado de sempre, 4,78% em 2001. Desde então tem sido sempre a subir, pelo que um eventual desastre é mesmo o mais provável, a julgar pelo passado.
Em conclusão, uma vez que em 1997, apesar dos 20,77% obtidos, a CDU só conseguiu um vereador, não se vê em que se baseia Bruno Graça para tanto optimismo. Mesmo que viesse a duplicar os resultados, como refere, tal não garantiria um segundo vereador, como bem documenta o caso de 1997. Temos portanto que o mais provável é o vereador e candidato da CDU estar a usar a bem conhecida linguagem que dá pelo nome de futebolês, na qual as equipas também estão sempre muito motivadas e entram em campo para ganhar. Folgadamente.
Resta aguardar Outubro, reconhecendo que seria óptimo caso a CDU conseguisse um segundo vereador, pois isso iria decerto espevitar um executivo algo adormecido. Passado mais de um mês e apesar dos protestos, ainda não se sabe se as obras de arte do grafiteiro Violant são para ficar ou para apagar. Quer dizer, já foram a pagar, resta agora saber se haverá coragem para apagar tais anomalias.

ADENDA

Por lapso, não referi na peça uma informação importante avançada por Bruno Graça na entrevista citada: A CDU apresentará todos os seus candidatos E O PROGRAMA ELEITORAL em 24 de Junho próximo. 
Até que enfim que uma formação política tomarense indica uma data precisa para difundir o seu programa. Os outros candidatos devem estar a aguardar melhores dias. Ou andarão à caça às ideias?

2 comentários:

  1. Embora um pouco distante, e com escassas idas à cidade mais linda de Portugal, tenho a perceção que o mandato em curso foi positivo. O Bruno, à pergunta sobre se o "acordo" funcionou, deu uma resposta sensata: " Porque é que tem de acabar? As coisas não funcionam assim, primeiro trabalhamos em conjunto e depois começamos 'à pedrada' uns aos outros." (li no CdT online). O PS vai ganhar as eleições, o Bruno vai ter um bom resultado. Embora atamancada, a geringonçazinha funcionou. Mérito também da presidenta. Que mil geringonças floresçam pelo país, esta direita não se recomenda.

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  2. Concordo contigo no que à direita diz respeito aqui pelo vale do Nabão. Daí a aplaudir o trabalho durante o actual mandato, vai uma boa distância

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