sábado, 6 de maio de 2017

Grande e funcional? Que é isso?

Referi aqui que, segundo escreve Mário Reis n'O Templário desta semana, a senhora presidente informou, durante a sua intervenção na Tertúlia Templária, que decorrem conversações com um organismo governamental para "adquirir os terrenos e bens existentes ao lado do antigo quartel militar". Conseguida essa aquisição, segundo a senhora presidente, "ali será construído um grande e funcional parque de estacionamento."
Apesar da manifesta imprecisão de Anabela Freitas, já anteriormente anotada em adenda, penso que se trata dos terrenos e construções situados a sul, a oeste e a noroeste do Convento de S. Francisco. Mais precisamente entre a Estrada de Paialvo e o dito espaço conventual. A ser assim, como tudo parece indicar, surgem dois problemas. O primeiro é que já anteriormente a câmara tentou, por mais de uma vez, adquirir os terrenos citados, tendo esbarrado sempre no preço demasiado elevado. Será que desta vez vai ser diferente?
O outro problema é incomensuravelmente maior e mais grave. Ao referir-se a "um grande e funcional parque de estacionamento", a senhora presidente está a dizer concretamente o quê? Pergunta decerto incómoda, todavia indispensável, tendo em conta que grande e funcional são dois adjectivos (ou modificadores, segundo a nova gramática) vagos e portanto totalmente subjectivos. O que para uns é grande, para outros é pequeno. O que para uns é funcional, par outros é uma aberração.

Os tais terrenos ficam do lado esquerdo, entre a encosta e as construções conventuais. Em termos de superfície, correspondem a pouco mais de metade da Várzea Grande. Caberá ali o  "grande e funcional parque de estacionamento"? Ou estamos novamente no domínio do sonho, que é como quem diz da improvisação?

Impõe-se portanto que a senhora presidente, ou alguém por ela, venha explicar, no concreto, (como costumam dizer na CDU), o que se deve entender por grande e por funcional. Explicação tão mais urgente quanto é certo que os antecedentes não são famosos, e até assustam os mais cautos. O parque da encosta do castelo, ali próximo da Sra. da Conceição, tem capacidade para pouco mais de um quarteirão de veículos ligeiros. É grande? É funcional? O parque da Cerrada dos cães tem agora menos lugares que antes das obras, durante as quais, devido a erros evidentes, se perderam as pinheiras com mais de meio século. É grande? É funcional? O parque para autocarros de turismo, paralelo à fachada norte do Convento, previa no papel nove lugares. Na prática cabem lá seis, quando bem arrumadinhos. É grande? É funcional? O parque para autocarros de turismo agora previsto à ilharga da Igreja de S. Francisco, também prevê nove lugares. É grande? É funcional?
Uma coisa parece certa e indesmentível. Tendo em conta as necessidades dos automobilistas locais, mais as dos turistas, em termos de futuro a médio e longo prazo, um parque com menos de 500 lugares será sempre pequeno, porque os actuais 300 e tantos, apesar de só para os tomarenses, estão sempre ocupados. E um parque com capacidade para menos de 50 autocarros de turismo, não passará de um brinquedo para autarcas com o complexo da Torre de Belém, que é muito linda e original, mas nunca serviu para nada, até ao advento do turismo moderno, por ser demasiado pequena para uma guarnição, ou sequer para habitar. Por conseguinte, a senhora presidente, os restantes eleitos e os projectistas que os aconselham têm a certeza que a Câmara vai mesmo conseguir comprar tudo aquilo? Que os dois parques lá caberão? E será aquela localização a mais funcional, em termos de visibilidade e de acesso? É que depois do erro consumado...

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