domingo, 14 de maio de 2017

Contra a corrente

"...Mas um dos principais sinais das próximas autárquicas não está nos partidos. Está, isso sim, no número de independentes que tomam conta de freguesias e câmaras. A tendência não é nova e atingiu aliás o ponto mais alto em 2013, quando Rui Moreira conquistou a câmara do Porto. Esse momento, importantíssimo para a cidade,  foi um sinal de aviso para os partidos em geral e em particular para PS e PSD. Foi a primeira vez que um movimento independente ganhou uma câmara de primeiro plano. ...
... O que o movimento liderado por Rui Moreira mostrou foi que uma lista encabeçada por alguém com prestígio local, grande notoriedade, meios financeiros e capacidade de comunicação, pode ganhar eleições locais sem precisar dos partidos. O exemplo que Rui Moreira deu há quatro anos, bem como a sua recente rutura com o PS, dificilmente serão casos isolados.
Alguém que queira ser autarca e ache que o pode fazer sem partido, não tem qualquer incentivo a fazê-lo pela via clássica, já que o eleitorado tem uma natural simpatia -pelo menos no início- pelos movimentos independentes... ..."

Ricardo Costa, Expresso, 13/05/2017 (O destaque a azul é de Tomar a dianteira 3)


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Estes excertos da crónica de Ricardo Costa, director do Expresso (e, a título de curiosidade, só para os mais distraídos, irmão do primeiro-ministro António Costa) tendem a evidenciar que uma vez mais, na área política, Tomar navega contra a corrente. Ao longo dos anos, quando a tendência era filiar-se e concorrer pelos partidos, o PS local, que até agora liderou quatro mandatos em onze, apenas teve um filiado, neste caso uma filiada, como presidente da Câmara. A actual. Os outros três mandatos foram um de Luís Bonet, que concorreu como independente e só muito mais tarde veio a aderir ao PS, e dois de Pedro Marques, também como independente, que nunca aderiu ao partido.
Inesperadamente, aparece agora em Tomar um movimento retrógrado. Sem qualquer explicação cabal sobre os motivos, à maneira dos autoritários, os IpT resolvem não concorrer como tal e estão em vias de se transformar num grupo de políticos-carrapatos no PS. Deseja-se naturalmente boa sorte a todos. Não se compreende  contudo como poderá vir a funcionar uma coligação com o PS, por fagocitagem deste, entre eleitos que de facto nunca se entenderam ao longo do actual mandato.
Convirá também ter em conta que, na política, as coisas não acontecem como no mercado, onde um quilo de peras, mais meio quilo de maçãs, somam sempre quilo e meio. Na política é um bocadinho mais complexo. Os eleitores de cada uma das tendências mancumunadas raramente estão todos pelos ajustes.
Parece claro que a peculiar coligação em curso pretende repetir os resultados de 2013: PS 5.479 + IpT 3094 = 8.573 votos, contra apenas 5.198 do PSD. É porém provável que desta vez, estando os laranjas nabantinos livres do desgaste do poder, os resultado sejam semelhantes aos de 2005: PS 4.235 + IpT 4.946 = 9.181, contra... 9.993 do PSD!
Basta portanto que o PSD queira e saiba encontrar os meios para vencer, nomeadamente a união interna, uma boa campanha eleitoral e um programa robusto, articulado, adequado e realista, para matar à nascença o inesperado cambalacho político  PS-IpT, aceitável mas nitidamente contra a corrente. Porque afinal, se Ricardo Costa tem razão, sobretudo no que está a azul, porque é que em Tomar o grupo independente falhou em 2005, 2009 e 2013?

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