terça-feira, 14 de março de 2017

Temos um governo demasiado optimista

Le monde on line, 13/03/2017

O primeiro-ministro e o seu ministro das finanças nunca mais se calam com o défice de apenas 2,1%, o mais baixo dos últimos não sei quantos anos. Esquecendo as habilidades usadas para excepcionalmente conseguir tal marca, que não são repetíveis, Centeno até já vai mais longe. Ontem queixou-se que as várias entidades financeiras internacionais não estão a ser justas com Portugal. Excelente economista como é, decerto tem sempre presente que os critérios fixados para a moeda única eram e são dois: défice máximo de 3% , dívida pública máxima 60% do PIB. Já com um total de 130%, que coloca Portugal entre entre os USA e a Itália, bem acima da média da zona euro que é de 91,5%, é com défices orçamentais, mesmo reduzidos, e um anémico crescimento económico que Centeno tenciona reduzir o nosso endividamento? Não seria melhor encarar a realidade tal como ela é? Deixar-se de perigosas fantasias ideológicas?
O tradicional bastião do socialismo democrárico, também conhecido como social-democracia canhota, era a França. Em final de mandato, o actual governo francês está de rastos, o PS gaulês está esfrangalhado e o presidente Hollande recolhe apenas 4% de opiniões favoráveis nas diversas sondagens. Pensará António Costa, cuidarão os seus seguidores, que Portugal tem condições económicas e humanas para fazer melhor que os franceses? Com a ajuda do PCP e do BE, que são contra o euro, contra a iniciativa privada e contra a União Europeia?
Estão convencidos que a geringonça é uma coisa extraordinária? Não será antes o derradeiro desenrascanço possível, antes de definharem pouco a pouco e sem remédio, como já sucedeu em Itália, na Grécia, em Espanha e está  agora a acontecer em França?

3 comentários:

  1. Assim, estilo panfletário, não vale.

    Num ano a geringonça obteve os resultados que obteve para o país. Bons! Não resolveu o problema da nossa dívida, nem vai resolver. Nem este nem nenhum outro governo o conseguirá sem reestruturação da dívida. As coisas estão a melhorar, a dignidade na relação Estado/população foi recuperada, os cidadãos são respeitados e, por isso, manifestam a sua adesão a este governo. Este governo cumpriu os objetivos.

    O nosso país reúne todas as condições para prosperar nos próximos anos. Nanja com dirigentes políticos de "espessura fina", como o eram os do bando Relvas/Passos.Que tanto nos infernizaram.

    Eu gosto desta Geringonça.

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    1. Sinceramente, bem gostaria de poder partilhar os teus pontos de vista. Temo no entanto que o banquete tenha de terminar prematuramente. O mais tardar no final de 2018. Nessa altura com o eleitorado tão farto de malabarismos baratos que a esquerda ficará arredada do poder durante uns bons anos.
      É a tendência geral na Europa ocidental. Socialismo democrático foi bom enquanto o recurso ao keynesianismo permitiu crescimentos superiores a 3%. Resolvidos os problemas de infraestruturas resultantes da guerra (na Europa) ou do atraso (em Portugal), esse crescimento nunca mais vai voltar, até porque o esforço fiscal excessivo não encoraja o investimento. Pelo contrário. E sem investimento privado...
      É como dizem alguns direitistas da nossa praça: o socialismo só dura, enquanto houver dinheiro para o sustentar. Tenho de reconhecer que é a verdade pura e dura. Desagradável, portanto. Mas não é insultando a direita que os impostos cobrados vão aumentar...

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  2. Não basta efetivamente olhar para os resultados deste ou daquele ano. É de elementar prudência tentar antecipar o caminho que há a percorrer, e como.

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