quarta-feira, 8 de março de 2017

Que mal terei eu feito?


Aprendi outrora na política, quando ainda era uma actividade arriscada, que nunca se deve responder a provocações. No caso presente, cheguei mesmo a redigir uma réplica sucinta: Quer uma resposta? Então saia do coito, dê a cara, identifique-se cabalmente, não seja cobarde, que depois o coito terá outro sabor. Todavia, ponderado e reponderado o assunto, resolvi alargar  a minha prosa. Sobretudo porque o arrazoado que acima se reproduz, de qualidade acima da média em termos de estrutura frásica e riqueza vocabular, falha redondamente no encadeamento de ideias, denotanto uma evidente aflição ante a evolução do mundo, que será bastante dolorosa para o seu autor. Daí esta minha resposta, por dó.
Ignorando qual ou quais os objectivos do escrito, por manifesta falta de clareza expositiva, sou forçado a recorrer ao ponto por ponto e só até onde consegui perceber. Não é inteligente quem quer...
1 - Só uma inveja reles, vil e não assumida, pode justificar que o anónimo autor detalhe ao pormenor o meu actual local de residência  e as circunstâncias da mesma. Não ocupando eu qualquer cargo público ou particular, par além da administração deste modesto blogue, alguém tem algum direito de se meter na minha vida, privada por definição? O autor do escrito não consegue distinguir entre um comentário político e uma calhandrice ordinária, estilo comadres de vão de escada?
2 - Por qualquer razão que me escapa, a criatura etnocêntrica, que até pensa estar eu "a ver o mar ao contrário", sentenciou que sou o "Zé dos Anzóis", vá-se lá saber porquê e para quê. Mesmo assim, considero ter tido alguma sorte, pois podia ter-se lembrado de dizer que sou um daqueles dois argelinos que fugiram a nado, ali para os lados do Barreiro, o que obrigaria o SEF a solicitar a minha extradição às autoridades brasileiras, de forma a poderem depois apurar como conseguira atravessar o tal mar ao contrário e chegar aqui, onde estou escrevendo.
3 - Topa-se à légua a ferida que dói à nossa criatura. Não consegue admitir que um cidadão possa dizer o que pensa, sem rancor, sem espírito de vingança, de cara descoberta e com assinatura por baixo, sobre os funcionários municipais. Donde resulta que confunde tudo, falando de ódio de estimação, para tentar transformar-me num monstro que trinca funcionários ao pequeno almoço, ao almoço e ao jantar. Nada mais longe da verdade. A minha posição é extremamente simples e clara: A - Nada tenho contra os funcionários ou quem quer que seja. B - Limito-me a assinalar e demonstrar que a autarquia tem funcionários sentados em excesso. C - Os funcionários custam anualmente 40% do orçamento municipal, o que é excessivo. D - Muitos desses funcionários têm uma mentalidade dominante pouco ou nada compatível com os tempos que correm. E - Não conheço nenhum outro concelho no país que gaste 40% com pessoal e não esteja em acentuada crise.
Só isto. A que acrescento um detalhe importante. Como é óbvio, mais tarde ou mais cedo, (e quanto mais tarde, pior maré), vai ter de haver recomposição dos serviços da autarquia, com dispensa de pessoal. Nessa altura, serei o primeiro a protestar, caso não sejam respeitados TODOS os direitos dos funcionários a reafectar.
O resto do comentário não tem qualquer interesse, por nítida falta de classe. Recuso-me a falar de Maio de 68 e do 25 de Abril com quem não dá a cara. E lamento que se brinque com o nome do líder estudantil de Maio, hoje ecologista retirado, com graves problemas de saúde. Um bocadinho mais de respeito não faria mal a ninguém. Mas enfim, fosse esse o principal problema. Infelizmente não é.


Foto Gilles Caron - Gamma

Daniel Cohn-Bendit em Maio de 68 e em 2015

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