quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Vai ser uma maravilha...ou talvez não

Segundo fonte usualmente acima de qualquer suspeita, a senhora presidente da câmara tomarense encontra-se em Israel, em visita de trabalho, correndo tudo o melhor possível, no melhor dos mundos possíveis, conforme diria o Pangloss. De acordo com as últimas notícias, 
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Ontem, foi a inauguração da Feira, hoje foi dia de contactos com investidores israelitas e norte-americanos, interessados em investir em Tomar, ficando desde já agendadas reuniões em Tomar, a decorrer em Março e Abril."

2017 vai portanto ser uma verdadeira maravilha. Ou não fosse ano eleitoral, como habitualmente muito rico em promessas.
Investidores israelitas e americanos interessados em investir em Tomar? É bem possível. Contudo, não querendo de modo algum deitar água fria na fervura, julgo ser minha obrigação prognosticar que os ilustres visitantes, caso venham mesmo, são bem capazes de mudar de opinião pouco depois de chegarem a Tomar. Mais precisamente, após os primeiros contactos de trabalho. Sobretudo por causa do clima, que é sempre muito húmido, ali do lado poente da Praça da República. De tal forma que, escreve Tomar na rede, nesta altura a autarquia leva em média mais de 630 dias para pagar aos fornecedores. Excelente informação para eventuais futuras facturações, não é verdade? Como é bem sabido, no mundo empresarial todos adoram os caloteiros.
Além da manifesta penúria e evidente desorganização assim documentadas, baseio estas minhas afirmações também  no processo de geminação de Tomar com Hadera, que teve lugar na década de 80 do século passado, durante os mandatos da AD. Inicialmente pretendeu-se geminar com S. João de Acre (45 mil habitantes), por aí haver ainda um castelo templário do tempo das cruzadas. Não se conseguiu.
Pensou-se depois em Ascalão, ou Ascalona, que os nossos jornalistas menos versados nestas coisas do português e da geografia costumam grafar Ashkelon (110 mil habitantes), onde o nosso Gualdim Pais se notabilizou em combate, segundo reza a lápide, vinda de Almourol e agora por cima da porta de acesso à capela de S. Jorge, no Convento de Cristo. Os israelitas voltaram a não aceitar, tendo feito uma contra-proposta: Hadera, fundada em 1891, em pleno deserto, mas agora já com 78 mil habitantes, enquanto Tomar, fundada em 1160, numa região fértil, não há maneira de ultrapassar a casa dos 40 mil. Porque será?
A câmara, então  presidida por Amândio Murta, aceitou a contra-proposta israelita, de maneira que Tomar acabou geminada com uma cidade judaica, cuja ligação histórica com a vale do Nabão poderá ser tudo menos evidente.
Com ou sem afinidades históricas entre as duas urbes, seguiram-se várias visitas, obviamente de trabalho, como é usual na política. Ignoro como terão decorrido as idas tomarenses a Hadera. Posso em contrapartida asseverar que pelo menos uma das visitas do presidente da câmara de Hadera a Tomar não correu nada bem. Designadamente porque o cavalheiro e a sua delegação apenas falavam hebraico moderno e inglês.
Dado estarmos já em plena pré-campanha eleitoral (embora possa não parecer) abstenho-me de mais detalhes, designadamente sobre a data e a sigla partidária então no poder. Acrescento apenas que essa visita menos conseguida a Tomar parece ter deixado marcas indeléveis, conforme se pode constatar aqui:

Hadera

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Hadera
Hadera COA.png
Brasão de armas de Hadera
Hebraicoחֲדֵרָה
Árabeالخضيرة
SignificadoÁrabe: Verde
GovernoCidade
DistritoHaifa
Coordenadas32° 26′ N 34° 54′ E
População78.400 (2008)
Jurisdição53.000 dunams (53,000 km²)
PrefeitoTzvika Gendelman
Websitewww.hadera.muni.il
Hadera ou Hedera (Hebraico: חדרה) é uma cidade israelense do distrito de Haifa, situada entre as cidades de Haifa e Tel Aviv, no noroeste do país. Foi fundada no fim do século XIX por imigrantes judeus. No fim de 2004, a cidade contava com uma população de 75.300 habitantes

Geminações[editar | editar código-fonte]

Hadera possui as seguintes cidades-gémeas:






Estamos assim numa curiosa situação. Apesar de geminada com Hadera, desde a década de 80 do século passado, Tomar continua a não figurar na lista oficial das geminações daquela cidade israelita. Mas pode ser que, mesmo assim, venha aí uma nova era, com investimento israelita e americano, entre outros. Costuma dizer-se que a fé move montanhas. Oxalá!
Ou trata-se apenas de mais umas balelas oportunas, para animar as tropas e tentar enganar os potenciais eleitores?

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