quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Os governantes suecos são lorpas?


Segundo o Observador, há vinte anos que os governantes suecos andam a fazer experiências limitadas, tendentes a apurar as vantagens e/ou os inconvenientes de implementar jornadas laborais de seis horas, em vez das tradicionais oito. Desta vez, ocorreu numa instituição para a  terceira idade e, ao que diz a notícia, os resultados não foram os esperados. Houve, é certo, algumas vantagens, como por exemplo a melhoria da assistência aos residentes e a redução das baixas por doença; mas em contrapartida os encargos com pessoal aumentaram muito, devido à contratação inevitável de mais funcionários.
Ou estou a ver mal, ou os governantes suecos devem ser um bocado lorpas, com o devido respeito e o meu pedido de desculpas pela frontalidade. Só assim se explica que, andando há duas décadas a experimentar, ainda não tenham conseguido resultados totalmente satisfatórios, nomeadamente quanto a encargos com novas contratações, tornadas inevitáveis pela referida redução do horário laboral. Digo isto por ser certo que em Portugal o governo da geringonça e a câmara de Tomar, por exemplo, reduziram o horário laboral da função pública para 35 horas semanais, tendo o governo garantido que daí não resultaria qualquer aumento da despesa com pessoal.

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Assim sendo, evitam os suecos lorpas de andar a perder mais tempo com experiências votadas ao fracasso parcial, como vem sendo habitual. Basta que venham a Portugal verificar in loco como as coisas funcionam, sem qualquer aumento de encargos. Se não erro, procede-se em dois tempos. Primeiro, espaçadamente, contratam-se a termo certo, e depois efectivam-se do mesmo modo, pelo menos dois funcionários para cada posto dito de trabalho. Depois, é só ir reduzindo o horário, nem que seja para metade, porque os funcionários excedentários sempre irão dando conta do recado, sendo certo que as tarefas a executar nunca serão demasiadas para os efectivos existentes. Antes pelo contrário.
Podem até vir a Tomar, ver em acção 500 funcionários autárquicos, agora em regime de 35 horas semanais, assegurando aquilo que metade deles faria sem grande esforço, num concelho cuja população vem diminuindo de forma acentuada: menos 3 mil habitantes nos últimos dez anos. São situações aberrantes, que custam caro aos contribuintes? Sem dúvida. Mas não se pode lucrar em todos os tabuleiros. E uma vez que os explorados contribuintes  nem sequer se queixam, estão à espera de quê?
Acessoriamente, poderão os visitantes suecos aproveitar a visita de estudo a Tomar para irem conhecer o Convento de Cristo, Património da Humanidade. Onde actualmente 37 funcionários, alguns superiores, facultam visitas não guiadas, salvo pedido com antecedência. Nos anos 60 do século passado, bastavam 4 funcionários, todos com a categoria de guarda, para assegurar as visitas que eram todas guiadas. Estávamos então em ditadura (que oxalá nunca mais volte) e a função pública ainda não era sobretudo um gigantesco armazém de funcionários e alfobre de sindicalizados aguerridos.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, escreveu Camões há cinco séculos. Apesar de ser zarolho...

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