sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Dar música aos eleitores

"A Câmara Municipal deve estar apetrechada dos mecanismos suficientes para melhor responder às necessidades dos seus munícipes. Tomar reúne todos esses requisitos, mas verifica-se agora que algo terá falhado em todo o sistema. Em consequência, está em curso a abertura de um processo interno de averiguações para se apurarem responsabilidades. Caso se detete matéria suficiente, proceder-se-à à abertura de processos disciplinares."

Anabela Freitas, presidente da Câmara, O Templário, 19/01/2017, página 2

 Pois é, senhora presidente. "Algo terá falhado em todo o sistema", para usar as suas próprias palavras. O que infelizmente acontece com alguma regularidade, na autarquia a que a senhora preside desde há mais de três anos. Só que desta vez foi bastante mais grave, na sua óptica. Pudera! Foi a senhora a pagar do seu bolso, quando em geral são os cidadãos que têm a infelicidade de ter nascido, de residir ou de pretender investir nas margens do Nabão, que acabam prejudicados.
Sejamos sérios e honrados. Este seu texto mais não é afinal que uma forma hábil de dar  música aos eleitores. Para além do jargão administrativo usado, com abertura para aqui mais abertura para acolá, parece-me óbvio, (e o futuro se encarregará de mostrar se tenho ou não razão), que a senhora tenta apenas ultrapassar o problema, prometendo aquilo que sabe não ter condições para cumprir. Se realmente fosse sua intenção apurar e punir responsabilidades, teria começado por nomear uma entidade externa para saber o que se passou e continua a passar. Ou então, para poupar dinheiro, poderia indicar uma comissão de inquérito, composta por vereadores e/ou vogais da AM, tanto do PS como da oposição. Porque não o fez?
Conquanto não seja jurista, a senhora não ignora decerto que não é aceitável haver juízes em causas próprias, excepto no que concerne ao Conselho Superior da Magistratura. Nessa mesma ordem de ideias, estará votado ao insucesso qualquer inquérito levado a efeito pelos próprios inquiridos, que é afinal aquilo que a senhora disse que vai mandar fazer. Até usou para isso a linguagem dialectal da própria tribo dos sentados: "Em consequência está em curso a abertura de um processo interno de averiguações para se apurarem responsabilidades. Caso se detete matéria suficiente, proceder-se-à à abertura de processos disciplinares."



Não há muito tempo, ocorreu aquele caso da criação clandestina de javalis em plena área urbana, que só veio a ser conhecido porque um munícipe prejudicado não hesitou em vir reclamar de viva voz e mais do que uma vez, perante o executivo municipal em reunião oficial. Em consequência disso, soube-se que um fiscal da Câmara, despachado ao local para informar sobre o que se passava de facto, relatou por escrito que estava tudo em conformidade com os ditames legais.
Visivelmente embaraçados, tanto a senhora presidente como o senhor vereador Cristóvão, bateram a bola para canto. Informaram também nessa altura, tentando assim silenciar a opinião pública local, que ia ser aberto um processo disciplinar. Já foi?
É claro que não! Há anos que todos aqueles que se interessam deveras pela política municipal sabem bem que há na autarquia cada vez mais zonas doentes, a carecer de adequada terapêutica. Até o seu ex-chefe de gabinete sabia disso. Daí resultou a "unidade de queimados". Infelizmente, por nítida falta de prévia ponderação, constatou-se depois que, ou não eram aqueles, ou não eram só aqueles, os maus da fita. E, não tendo podido levar a sua revolução até ao fim, Luís Ferreira acabou sendo vitimado por ela. É dos livros e está escrito desde há muito.
Um pedido final muito claro: Tenha a bondade de responder ao meu requerimento de 9 de Dezembro de 2016, sobre aquele prédio da Estrada do Convento, nas fotos supra. Nos termos da Lei 26/2016 dispõe a senhora de dez dia para isso e ainda o não fez. Porquê? Obstinação sua, ou relapsia de outros sob a sua alçada?
Caso o silêncio se prolongue, lá terei de ir sucessivamente para a CADA e para o Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, como fez o munícipe da albufeira. Depois, agradeço que não venha de novo alegar, com ar de vítima, que "Algo terá falhado em todo o sistema."

anfrarebelo@gmail.com

4 comentários:

  1. Força Rebelo! se não fores tu ninguêm os têm no sitio para falar, e não é por cobardia, é porque têm medo de ser apontados, cada vêz estou mais apreencivo, vou voltar lá para Novembro, e não me espera nada bom.

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  2. Haja esperança homem! Daqui até Novembro muita água poluída vai passar ainda no Nabão, entre a Ribeira de Seiça e Tomar. Até pode ser que, contra todas as previsões, em Outubro as coisas fiquem mais claras e firmes a nível local.
    Se o Trump conseguiu chegar a presidente dos USA, isso significa que nada é impossível. Nem mesmo que os tomarenses acabem por acordar, politicamente falando... Já vai sendo tempo.
    Talvez quando se derem conta que os grandes nomes que fizeram Tomar, de Gualdim Pais à actualidade, passando pelo infante D. Henrique, D. Manuel I, D. João III, Jácome Ratton, Téophile Verdier, só um era tomarense. Chamou-se Fernando de Oliveira e foi um dos tenentes do 28 de Maio. Era fascista portanto. E meu padrinho de baptismo. Mas foi durante as suas presidências que Tomar se tornou numa cidade moderna, bem avançada para o seu tempo. A política tem destas coisas.

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  3. Caríssimo,
    A resposta foi-lhe enviada para o seu email a 16 de janeiro.
    Cumps.

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    Respostas
    1. Só hoje percebi o HC.
      A resposta de que fala deve ter-se afogado algures no Atlântico. Certo é que nunca cá chegou. Algo falhou no sistema, usando a linguagem da senhora presidente.
      Cordialmente,

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