sábado, 17 de dezembro de 2016

Comprar votos é que está a dar

"António Costa promete restituir à função pública os salários com que José Sócrates ganhou as eleições de 2009. Eis a sabedoria política que resume a actual governação: é possível mandar no país desviando todos os recursos para os que dependem do Estado: quem tiver do seu lado os funcionários, os pensionistas, os subsidiados, os parceiros, os protegidos e os instalados, não precisa dos outros, dos jovens, dos activos, dos independentes, de todos os que em Portugal estão por sua própria conta. Primeiro, porque os dependentes do Estado são suficientemente numerosos e motivados para formar um bloco eleitoral decisivo, e previsivelmente inclinado para quem estiver determinado a sacrificar o resto da sociedade a seu favor, como se viu em 2009; depois, porque faz sentido esperar que, sendo as vantagens da dependência tão óbvias, esta se torne um ideal social, de modo que, para quem está de fora, o objectivo não seja mudar o sistema, mas um dia ser admitido nele."
Rui Ramos, Observador, 06/09/2016

Com as indispensáveis adaptações, é também o que procura fazer a autarquia tomarense: conceder benesses aos funcionários municipais e aos dependentes do Estado, directamente ou através do poder local, bem como aos presidentes de Junta, como forma de conquistar votos que permitam vencer as próximas autárquicas.
É também por isso que, entre outras habilidades, Anabela Freitas está tão empenhada em mandar fazer casas térreas de madeira, para realojar famílias ciganas, em vez reduzir o IMI e a factura da água, por exemplo, como forma de criar condições para atrair investimento, única via possível para gerar emprego e assim estancar a cada vez mais grave hemorragia populacional. Trata-se de uma tão evidente inversão de prioridades, que qualquer justificação está de antemão condenada à descrença total.
No âmbito dessa aberração, há até detalhes que seria importante esclarecer, caso tivéssemos uma oposição capaz. Este, por exemplo: O que se pretende afinal não é a integração plena da comunidade cigana? Então porquê casas térreas, isoladas e de madeira? A usual habitação social, em prédios tradicionais de vários pisos, não serve? Porque tem então sido adoptada noutros concelhos? Tomar é especial? Os nossos ciganos são assim tão diferentes dos outros?

Sem comentários:

Enviar um comentário