terça-feira, 13 de dezembro de 2016

E afinal estamos como a Grécia

Sempre foi uma das principais preocupações do anterior governo -Evitar no exterior a equiparação entre a nossa crise e os sobressaltos gregos. Decorrido um ano com António Costa e apesar do optimismo reinante, que tudo indica ser apenas de fachada, para tentar enganar eleitores incautos, é precisamente isso mesmo que acontece. Observador insuspeito e de elevado gabarito, o ministro espanhol da Economia, Indústria e Competitividade, Luís de Guindos, foi assaz claro, embora naturalmente diplomata, numa recente entrevista ao El País.

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Foto elperiodicodearagon.com
Eis um excerto das suas declarações:
-"Qual a razão dessa persistente desconfiança entre o Norte e o Sul, no seio da União Europeia? 
- O Norte mostra-se reticente no que se refere à partilha do endividamento do Sul. Devemos porém ter em conta que endividar-se é coisa de dois, de quem pede o crédito e de quem o concede. É verdade que os credores exigem ajustes muito intensos, mas isso é uma consequência das regras em vigor na União Europeia.
- Não serão essas regras demasiado simplistas?
- Admito que podemos não ter gerido bem Portugal e a Grécia. Mas Irlanda e Espanha já ultrapassaram a crise. O Pacto de Estabilidade, embora flexível, tem de evoluir. A política económica deve basear-se mais nas instituições e no seu prestígio do que nas regras, como já vimos com o BCE. Mário Draghi poude activar as compras de activos porque tinha e tem o respaldo de uma instituição com excelente reputação. Façamos o mesmo na área fiscal."

El País, 10/12/2016, página 41
Tradução e adaptação de António Rebelo

Aí temos, nas entrelinhas e dito por quem sabe, com imparcialidade por não ter interesse directo no assunto, a nossa triste realidade. A qual, no meu entender, pode ser resumida assim:
1 - Ainda não ultrapassámos a crise, nem sequer estamos no bom caminho.
2 - Com uma coligação cujos parceiros de bastidores são contra o euro, contra a União Europeia e a favor da renegociação da dívida, está-se mesmo a ver qual é a nossa reputação junto dos credores.
Conclusão: Nada de ilusões, o pior ainda pode estar para vir e o futuro não depende só de nós, nem sobretudo de nós. Conviria nunca esquecer este aspecto, quanto mais não seja porque, como bem diz o povo, não é com vinagre que se apanham moscas. Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

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