quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Comércio negro



Negro, porque era essa a cor do luto. Era. Hoje em dia, praticamente só os ciganos ainda mantêm a tradição. De qualquer forma, também estilo humor negro para escrever sobre uma notícia pouco comum, do nosso estimado colega Tomar na rede, que pode ser lida aqui, e que desencadeou um excelente comentário, pleno de oportunidade, mas infelizmente anónimo. O costume, nesta desgraçada terra. Que em vez de "Cidade templária" devia alcunhar-se de "cidade dos medrosos".

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Foto Tomar na rede, modificada


Vender jazigos não é coisa nova, mesmo em Portugal, sobretudo nas grandes cidades. Anunciar essa venda em pleno cemitério é que inaugura uma nova era. Passa a não haver qualquer barreira separando os mortos dos ainda vivos. Vende-se tanto a morada destes quanto a daqueles. De tal forma que leva a suspeitar tratar-se de uma prática exclusivamente nabantina, sabido como é que a população tomarense ainda come, bebe, dorme e anda por aí, mas quanto a estar mesmo viva, há  fortes dúvidas. Designadamente no que concerne ao exercício dos direitos/deveres de cidadania, ou à área do desenvolvimento económico.
De acordo com a citada notícia, pedem pela dita última morada 10 mil euros. Incluindo as urnas com os defuntos? Já sem urnas? Se sem urnas, deve-se concluir que até os falecidos e sepultados já estão a abandonar Tomar, em busca de cemitérios mais acolhedores? A resposta é importante porquanto, se for assim, teremos de passar a escrever "na sua última morada, enquanto não lhe arranjam outra melhor." 
Coloca-se ainda outro problema assaz complexo: Tendo em conta o contexto, como vai o fisco calcular o IMI a liquidar anualmente? Parafraseando o já referido comentário: Terão em conta a exposição solar? As vistas? A localização? A vizinhança? A idade e o estado de conservação? A superfície habitável? Os equipamentos urbanos nas proximidades?
A evolução da sociedade traz-nos cada uma!

Actualização
Habitualmente, a Câmara age como aquela tartaruga velha e pachorrenta que ia andando e dizendo "Devagar que tenho pressa". Desta vez porém foi rápida e certeira. Já mandou retirar o painel. Azar para os herdeiros. Há bens que vêm por mal. A julgar pelo costume, se tem sido Tomar a dianteira a difundir a notícia, o painel ficava lá até que vendessem o jazigo. Só para contrariar. E para fingir que não leram. Assim, como foi no Tomar na rede, agiram logo. E agiram bem, há que reconhecer.

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