quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Resposta a um leitor

Em Tomar ainda estamos a tempo

Bem haja pelo seu escrito. Acedendo ao seu pedido, não o reproduzirei, para evitar que lhe possam reconhecer o estilo, nem mencionarei o seu nome. Porque é assim que, na minha ideia, as coisas devem ser sempre tratadas, entre pessoas civilizadas que discordam entre si, mas se respeitam mutuamente. Dizer livremente o que nos vai na alma e assinar por baixo. Solicitando depois, se necessário, as reservas usuais, quanto ao nome e à redacção.
Tem razão, logo no início da sua mensagem pouco amena, todavia correcta em termos de boas maneiras. Ao citar e comentar, ainda que de forma sucinta, César das Neves, apoiei implicitamente um modelo de sociedade que tem  mais a ver com os Estados Unidos ou a Holanda, do que com Portugal. Fi-lo por ter constatado que são sociedades capazes de viver sem sobressaltos de maior, de crescer economicamente e de resolver os seus problemas principais sem delongas nem dramas inúteis.
Para lhe dar um exemplo comparado concreto, os mexicanos têm segurança social assegurada pelo Estado e os americanos não. Apesar disso, como decerto sabe, são os mexicanos que procuram por todos os meios emigrar para os Estados Unidos, e não o inverso. (Ver foto)
Porque será?

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      Foto Carlos Romero.
      Vedação na fronteira México/Estados Unidos

Deseja outro exemplo? O que levará os emigrantes e refugiados que já estão em França, onde até há segurança social eficaz, uma administração cumpridora e um governo socialista, a tudo fazerem para alcançar a Inglaterra, com um governo de direita, conservador, que vai abandonar a União Europeia para evitar a livre circulação de cidadãos,  e cujo clima é bem mais agreste?
Outra vertente em que o senhor tem razão é aquela em que refere a política de António Costa e da actual geringonça. Com efeito, tendo em conta a composição social do país que somos, parece indispensável, tal como escreveu no seu texto, o voto dos pensionistas e dos funcionários para se ganharem eleições. Convém, contudo, interrogar-se a esse respeito, creio eu. Porque se assim fosse realmente, se bastasse favorecer esses dois importantes grupos sociais para vencer eleições, então há muito que teríamos o Jerónimo de Sousa ou a Catarina Martins, ou mesmo os dois, instalados em S. Bento, sem precisarem para isso do colo do PS. Cuidado portanto com certos raciocínios, que podem muito bem induzir-nos em erros graves, ao não integrarem uma análise assaz fina da realidade social..
Vindo agora para a triste e preocupante realidade tomarense, parece-me que ainda estamos a tempo de mudar de caminho, mesmo se considerarmos ser indispensável o voto dos pensionistas e funcionários para ganhar eleições. É verdade que, até agora, todos os vencedores têm ido por aí. Sobretudo no que diz respeito aos funcionários municipais, na prática os donos e senhores daquela casa, que vão arruinando, quero crer que sem disso se darem conta. Porque o oposto seria demasiado cruel e eu continuo a acreditar que são cidadãos bem intencionados, apenas demasiado orientados para os seus bolsos..
Posso estar errado, porém o meu entendimento é o seguinte: Assoberbados com a preocupação de conseguirem sempre  mais e mais, tanto os funcionários da autarquia como os políticos municipais se colocaram sucessivamente na situação nada confortável dos tóxicodependentes. Querem consumir sempre mais, sem cuidar de evitar que o excesso, a conhecida overdose, os venha a matar. No caso, que o excesso de vantagens e de hostilidade à iniciativa privada venha a arruinar sem remédio a economia local, colocando uns e outros em risco de desemprego. Parece-me que já faltou mais.
A terminar, uma clarificação que reputo indispensável. Não tenho informação suficiente para poder pronunciar-me quanto ao país em geral. Quanto ao concelho de Tomar, os funcionários municipais que, na minha tosca opinião,  são os verdadeiros inimigos da iniciativa privada e por conseguinte dos investidores, não passam, no fim de contas, de uma dúzia de tristes criaturas, que têm conseguido assustar os sucessivos executivos municipais. E uma ou mesmo  duas dúzias de votos não valem grande coisa, num universo de mais de 35 mil. Oxalá haja portanto, em 2017, candidatos com a coragem necessária para proclamar, durante a campanha eleitoral, "Comigo na Câmara, os eleitos mandam e os funcionários obedecem. Ou demitem-se."
Se assim vier a acontecer, ainda poderemos ir longe, como comunidade livre, orgulhosa do seu passado de séculos.
Esclareci as suas dúvidas, caro correspondente?
Pois mande sempre. Entretanto, peço-lhe que aceite as minhas cordiais saudações.
Sem reserva mental, porque tenho as mãos limpas e apenas pugno pelo bem comum, alheio a interesses pessoais..


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