segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Os números não enganam

Começo por tentar pôr a coisas em pratos limpos, na medida do possível. Com números, que são interpretáveis, mas não polissémicos, ao contrário das palavras. Em 2005, Tomar era a cidade mais populosa da zona norte do distrito, com 38.524 eleitores inscritos, contra 37.546 em Abrantes e 37.990 em Ourém. Três mandatos depois, em 2016, a situação é outra. A cidade mais populosa da mesma zona é agora Ourém, com 42.863 eleitores inscritos, contra 34.063 em Abrantes e 36.266 em Tomar.
Perante tão triste situação, a senhora presidente da câmara dirá decerto, como é de boa política, que nada tem a ver com tal descalabro, uma vez que só tomou posse após as eleições de 2013. É parcialmente verdade. Por ser também verdade que, entre 2013 e 2016, exactamente durante o mandato da senhora presidente, Abrantes perdeu 1.012 eleitores inscritos, Ourém ficou-se pelos 468, mas Tomar até ultrapassou Abrantes, sendo o concelho com maior perda, com menos 1.044 eleitores inscritos. É por conseguinte lógico deduzir que  estamos a ficar pior que Abrantes.
São dados incontroversos, que qualquer cidadão pode consultar na Net. Basta digitar sucessivamente Resultados autárquicas 2005, 2009, 2013 e Presidenciais 2016.
Esta entrada na matéria pareceu-me indispensável para melhor entendimento do que segue, que não me parece nada agradável.


De acordo com os dados oficiais disponíveis, Abrantes que é manifestamente um concelho em acentuada crise, uma vez que perdeu quase 3.500 eleitores nos últimos 11 anos, parece ter reagido como convém, ao aprovar para 2017 um orçamento municipal expansionista de 32 milhões de euros, o que representa um aumento de 22% em relação ao ano anterior.
Na mesma linha, Ourém que passou a contar mais 4.873 eleitores entre 2005 e 2016, aprovou para 2017 um orçamento de 39 milhões de euros, o que representa um reforço de 6,2 milhões em relação ao ano anterior. O seu presidente, eleito pelo PS, destaca na respectiva apresentação que não haverá em 2017 aumento das taxas municipais, que vão assim continuar "em níveis mais baixos que a média dos municípios." Acrescenta que o Município dispõe nesta altura de um saldo de tesouraria superior a 3 milhões de euros. (Informações colhidas no site da Câmara de Ourém - Documentos previsionais - Orçamento 2017).
E Tomar? Tomar, apesar de ser o concelho que mais população perdeu nesta zona nos últimos 3 anos, optou por um "orçamento de contenção", na ordem dos 36,5 milhões de euros, inferior ao do ano passado em 1,8%. Não poderá portanto haver incremento dos investimentos municipais em 2017, por evidente carência de recursos, ao contrário do que acontece em Abrantes e em Ourém. E sem aumento dos investimentos, não há criação de postos de trabalho, com tudo o que isso arrasta. É dos livros.
Como se tão triste panorama não fosse já suficientemente grave, igualmente ao contrário daquilo que sucede em Abrantes e em Ourém, que decidiram não aumentar as taxas municipais no próximo ano, Tomar volta a cometer o mesmo erro crasso que nos vem arrastando para a ruína. A senhora presidente e a sua cada vez mais reduzida equipa de apoiantes parece que ainda não perceberam aquilo que é uma evidência desde há muito: "Demasiado imposto mata o imposto." Ou seja, quando os impostos são exagerados, os cidadãos só se não puderem é que não fogem, enganando o fisco ou dando corda aos sapatos, rumo a horizontes mais clementes. E os impostos cobrados acabam por ser inferiores ao esperado, apesar do aumento. É o que vem sucedendo em Tomar, conforme a senhora presidente já terá constatado.
Alheia a tudo isto, Anabela Freitas agendou para a reunião camarária de 07 de Novembro a aprovação da nova tabela dos SMAS para 2017. É o que temos. Uma presidente que, apesar de tudo, continua a ter esperança. Segundo declarou há poucos dias, nas próximas eleições espera o resultado que os tomarenses lhe quiserem dar. 
Por este caminho, não duvido nem um segundo que venha a ser excelente.

anfrarebelo@gmail.com

1 comentário:

  1. No meio disto tudo, quem está a pagar a factura mais cara são os jovens, pois esta terra não proporciona oportunidades de emprego, nem facilidades de acesso a criação de empresas start up. A politica ruinosa dos últimos anos gera resultados como: desemprego e pobreza. Hoje, somos o concelho pobre e arruinado, que não gera receita para arcar com as despesas dos serviços públicos que tem no seu espaço. Ourém poderá exigir, um hospital, um centro de formação profissional e um instituto politécnico. No dia em que isso acontecer, Tomar será a cidade dos pensionistas e empregados camarários, visto que são os únicos que cá conseguem sobreviver. Quanto a "Tomar, a Cidade Turística" é apenas uma ideia, que não está a ser implementada.

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