sábado, 19 de novembro de 2016

A trapalhada do parqueamento tarifado

Segundo o site da Rádio Hertz, está a acontecer com o parqueamento tarifado o mesmo que tem acontecido com muitas outras decisões da câmara. Só depois de postas em prática é que se conclui que não foram assaz estudadas e/ou projectadas. Para dar apenas um exemplo, ainda hoje ninguém sabe ao certo para que serve aquela coisinha do Mouchão, que está concluída há mais de cinco anos. E no entanto alguém terá aprovado o respectivo projecto. Caso único? Claro que não. Só depois de terminadas as respectivas obras de melhoramento (!), a autarquia chegou à conclusão que não podiam cruzar-se dois autocarros na Estrada do Convento, ao contrário do que acontecia anteriormente. E só após a inspecção da ASAE, os senhores autarcas concluíram que o parque municipal de campismo tem estado a funcionar ilegalmente, Trata-se portanto, por assim dizer, de uma doença crónica naquela casa. Dá pelo nome genérico de gestão do improviso.
Agora, para tentar remendar o problema do parqueamento tarifado, nomeia-se uma comissão e aguarda-se, mas também aqui o resultado já é conhecido. Nos anos 30 do século passado, o político francês Georges Clémenceau terá pronunciado a frase que depois se veio a tornar lapidar: Se querem resolver o problema, vamos a isso. Caso contrário nomeia-se uma comissão.
Indo ao essencial, se a maior parte dos autarcas e dos tomarenses não fossem afinal uns simples campónios armados em cidadãos urbanos com Mundo, não estaríamos agora, uma vez mais, enterrados na marmelada até aos joelhos. Porque o problema parece-me simples, desde que encarado e depois planeado a partir de premissas realistas. Que são as seguintes: 1- Os carros estacionados na área urbana são, na sua esmagadora maioria, de residentes, excepto junto ao Convento, frente aos correios, à volta do tribunal, na Várzea grande e próximo do mercado, às sextas-feiras. 2 - Estes residentes dividem-se em dois grandes grupos, a saber a) - os que usam o carro todos os dias, excepto aos fins de semana, mas querem um lugar para estacionar, à porta ou próximo, naturalmente sem pagar; b) - os que, pelo contrário, usam o carro uma vez por semana ou nem isso e utilizam a via pública como garagem ao ar livre. 3 - Grande parte dos carros do grupo 2 b) atravancam sistematicamente as ruas do Centro histórico onde é possível estacionar, até que um dia algum acidente de maiores proporções obrigue finalmente os autarcas que temos a entender que é muito perigoso estacionar no casco histórico, sobretudo tratando-se de carros-ventosa. Sei do que falo pois já uma vez estive deitado dentro de uma ambulância durante perto de meia hora, aguardando que aparecesse o dono de determinado carro, para o retirar e permitir a manobra do veículo de socorro urgente. Felizmente não era nenhum AVC...
Assim sendo, tarifar determinadas áreas, mas reservar outras para estacionamento gratuito dos moradores, não lembrava ao diabo mas lembrou ao executivo que temos. Certamente porque ignoram um dado essencial: estudos recentes demonstram que, nas cidades médias e grandes, os carros dos respectivos residentes não cabem nos locais de estacionamento gratuito, caso estejam lá todos ao mesmo tempo. Resta portanto  encarar o problema de outro modo, enquanto é tempo.
Modo esse que a meu ver poderá ser o seguinte: A - Aprovar nos órgãos próprios uma deliberação proibindo o trânsito e o parqueamento, excepto nos locais tarifados, em todo o Centro histórico, entre a Rua da Graça e o Largo do Pelourinho; B - Acabar com as bolsas de estacionamento gratuito para residentes em toda a área urbana, porque andar a pé nunca fez mal a ninguém; C - Tarifar todos os restantes locais de parqueamento. Como bem diz o povo, "quem não tem dinheiro não tem vícios". Por conseguinte, só deve ter carro quem tenha garagem ou meios para pagar o respectivo parqueamento. O imposto automóvel é para circular nas ruas e estradas. Não é para as atravancar, transformando-as em garagens improvisadas.
A época não é a melhor, dado haver eleições no horizonte. Mas quanto mais tarde pior maré. E não há outra saída viável. Cada vez haverá mais carros, as ruas e largos não vão esticar, e milagres já nem em Fátima, quanto mais agora em Tomar.

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