sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Três entrevistas, três candidatos

A passada quinta-feira foi dia farto para mim. Fartei-me de ler. Fartei-me é só uma maneira de dizer. Na verdade gostei e fiquei  com ainda mais apetite de leitura. Que leitura? No caso, duas entrevistas escritas e uma falada. Tomar na rede, da melhor informação que por aí se faz (embora ultimamente demasiado estilo Correio da Manhã, para o meu gosto), titula "Duas entrevistas, dois candidatos". Esqueceu-se da outra entrevista, a da actual presidente, na Rádio Hertz. Temos assim portanto, António Lourenço dos Santos no Cidade de Tomar, Luis Boavida no Templário e Anabela Freitas na Hertz. Uma candidata já certa e dois candidatos a candidato.
Mandam os manuais de boas maneiras que primeiro as senhoras. Comecemos então pela candidata socialista e actual presidente do executivo tomarense. Com a sua bem conhecida facilidade de palavra, respondeu às perguntas do jornalista da Hertz durante quase uma hora. Fê-lo sem falhas de maior mas quer-me parecer que também sem garra nem convicção. Excesso de cansaço?
Começou por frisar que o PS já conseguiu endireitar um pouco as contas camarárias, tendo a dívida global passado de 34 para 26 milhões de euros. Seguiu-se a enumeração de obras já feitas e outras ainda a executar. Decorridos 17 minutos, António Feliciano introduziu o tema "Flecheiro", desencadeando as informações já conhecidas, com um único detalhe novo: os alojamentos a construir ao lado da GNR deverão estar concluídos no primeiro trimestre de 2017 e serão seis casas de piso térreo, o tipo mais adaptado ao estilo de vida dos seus futuros ocupantes, segundo a presidente. Pelos jeitos, temos de nos adaptar ao estilo de vida deles, e não eles ao nosso. São os novos tempos...  
A explicação prolongou-se em excesso, de tal forma que só aos 29 minutos chegou  a vez da saúde, de resto sem novidades. Reabertura da Medicina interna ainda este mês, conforme previsto. Urgência médico-cirúrgica ainda sem data marcada. Falou também, de forma pouco explícita, de evacuações para Coimbra ou para Lisboa, bem como do caso da ambulância avariada do INEM, entretanto já substituída.
Aos 43 minutos, entrou-se nos pilaretes e no estacionamento tarifado, que começa em Novembro, também sem novidades de maior, insistindo na estranha ideia da bolsa para os da Alameda e adiantando que o estacionamento no centro histórico será só para residentes.
Segurança na Praça da República e projectos para o próximo ano ocuparam os dez minutos seguintes, de forma que, só aos 53 minutos de uma entrevista de 58, se começou realmente a falar de política. Vai tudo bem na relação com Bruno Graça, compreende as recentes declarações de Paulo Macedo, ao falar de "alguma bagunça" em nome da CDU e considera a renúncia de Rui Serrano "um não-assunto". Mau sinal, quanto a mim, este de recusar debater assuntos relativos ao PS. Praticamente uma não-política.
Tratando-se da candidata socialista, decepcionou-me a evidente falta de ideias motoras, de sulcos rumo ao futuro. Fiquei com a impressão que Anabela Freitas está apenas a despachar os assuntos correntes, porque mais não pode, não quer ou não sabe fazer.

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Foto Tomar na rede, com os agradecimentos de Tad.

Inversamente, a entrevista de Lourenço dos Santos, que ainda não consegui ler na íntegra (ver nota no final),  evidencia a existência de ideias fecundas e indica mesmo um rumo: voltar aos anos gloriosos que Tomar em tempos conheceu. Para isso, o agora candidato a candidato conta já com a adesão de muitos empresários do concelho e da região.
Luís Boavida, o outro candidato a candidato laranja, parece ter escolhido um via diferente. Na sua entrevista, alardeou excelente relacionamento humano,  ligação forte à Igreja e às várias associações concelhias, bem como um currículo muito bem composto. Interrogado sobre o triste episódio do seu afastamento para a "unidade de queimados" da autarquia (ver foto) , mostrou um coração grande e generoso, garantindo não gostar de vinganças. No meu entender, só esteve menos bem ao não revelar as suas ideias mestras para o futuro de Tomar, caso venha a ser o escolhido para cabeça de lista do PSD. Preferiu deixar para depois, erro que talvez lhe venha a custar bem caro.
Com os candidatos PS, CDS e CDU já conhecidos, faltam ainda o IpT e o PSD, embora neste caso se possa dizer desde já que a lista laranja não andará longe de António João Luis, Luís João António, ou ainda João Luís António, em qualquer dos casos com mais Isabel, Celeste ou Luisa, embora seja cada vez mais evidente o risco de surgir uma lista independente, liderada por um laranja preterido, que tanto pode vir a ser Boavida como Santos, com mais probabilidade para este.
Já a formação de Pedro Marques carece de clarificação urgente, sabido como é que, em 2013, o ex-presidente só avançou à cabeça devido a uma desistência de última hora, segundo as suas próprias palavras. São coisas que em política têm sempre custos elevados.
Desejo muito boa sorte a todos!

Nota 

Ainda não consegui ler na íntegra a entrevista de Lourenço dos Santos por dois motivos inultrapassáveis até agora. 1 - Estou a sete horas de avião de Lisboa,  2 - O computador que uso indica-me sistematicamente que não consegue encontrar o servidor dos emails indicados nos sites da Rádio e do Semanário Cidade de Tomar.
Nestas condições, lanço uma garrafa ao mar com mensagem dentro. Caso alguém daquela casa faça o favor de me ler, aqui vai  o meu pedido: Quero receber regularmente  a edição online do jornal, a começar pela desta semana. Pagarei a respectiva assinatura semestral quando aí for, no início de Dezembro. Pode ser? Muito obrigado?

anfrarebelo@gmail.com

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