quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Tanto dinheiro para tão pouco

Acabo de ler aqui que a câmara aprovou finalmente o projecto de restauro da Sinagoga de Tomar, de que é proprietária. Segue-se o concurso público para entrega da empreitada. Refere a notícia que esta primeira fase é financiada por um donativo da Noruega de 150 mil euros. Mais tarde haverá uma segunda fase, para recuperação daquilo que popularmente se convencionou chamar "mikva" ou banhos rituais, sem que existem quaisquer documentos coevos de  apoio a tal identificação.
Anos depois, após meses de elaboração do projecto e dispondo de financiamento abundante, vamos então ver finalmente a Sinagoga restaurada. Dêem-lhe as voltas que derem, 150 mil euros para pagar trabalhos de simples manutenção e beneficiação, é um monumental exagero. Do mesmo tipo daquele da fachada poente do antigo Convento de Santa Iria, igualmente propriedade municipal. As obras, que consistiram em consertar parte do telhado, picar, rebocar e pintar toda  a fachada, custaram 100 mil euros, pagos pela Fundação EDP. E mesmo assim, a negra parede do Pego de Santa Iria continua ali como uma nódoa, inexplicavelmente à espera de igual tratamento. Tomar a dianteira sabe que um munícipe até já se ofereceu à câmara para pagar a tinta, não tendo até agora obtido resposta.

 Resultado de imagem para fotos sinagoga tomar

Quanto ao custo total da obra, na altura consultou-se um construtor civil local, que foi categórico, uma vez garantido o anonimato. "Se o professor conhece alguém na autarquia, mexa-se. Se eles me entregarem aquilo por 50 mil euros, faço a obra e ainda lhe dou metade." 
Está claro que não me mexi. Mas também não esqueci a resposta, nem aquilo que dela se pode deduzir. Em Tomar, em Outubro de 2016. Um ano antes da próxima campanha eleitoral, que vai ser bastante cara. Com as finanças do PS a nível nacional de rastos, com um défice de milhões, noticiaram os jornais. Cada qual deduzirá aquilo que lhe parecer mais consentâneo com a realidade. A mim parece-me claro que, a este nível, empresas como por exemplo a Construtora do Lena, de Santos Silva, grande amigo de Sócrates, habituadas a empreitadas de milhões de euros, nem vão apresentar propostas. Ou estarei enganado?

anfrarebelo@gmail.com

Sem comentários:

Enviar um comentário