quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Gente pouco preocupada com a causa das coisas

Há quem tenha visto, no escrito anterior sobre os Pegões  um ataque aos profissionais da Empresa editora Cidade de Tomar. São mentes doentias, de cidadãos movidos a "intrinveja", uma maleita muito comum em Tomar, que pode ser resumida como uma misto de intriga e inveja. No caso em apreço, conforme de resto consta da própria peça, tratava-se apenas e só de restabelecer a verdade dos factos, que antes fora inadvertidamente trucidada pelos autores da notícia, se calhar induzidos em erro pelas informações disponíveis ou disponibilizadas. Acessoriamente, visava-se alertar também para algo geralmente ignorado: Os números apenas mostram; só as palavras é que podem mostrar e explicar.
Indo ao real, para melhor compreensão. Escreve-se, a fechar a notícia citada, publicada no site de Cidade  de Tomar,  que o fluxo de visitantes do Convento de Cristo aumentou exponencialmente após obras de restauro. Excluindo o exagero, é verdade que os números disponíbilizados pela entidade gestora daquele e de outros monumentos mostram isso mesmo. Mostram apenas. Não explicam. Trata-se portanto de uma primeira impressão, que  pode ser -e geralmente é- enganadora.


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Passando à explicação dos números, há que ter em conta, antes mais, a tendência geral. Que é de aumento de visitantes em todos os principais monumentos do país. Com ou sem recentes obras de restauro. Por conseguinte, nada que seja atributo só do Convento de Cristo.   Aprofundando um pouco, constata-se que o Convento de Cristo é dos monumentos mais visitados do país, logo após o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Museu dos Coches, o Convento de Mafra e o Mosteiro da Batalha. Mas, também aqui, há um detalhe importante a ter em conta. Os principais monumentos de Sintra (Palácio de Sintra, Castelo dos Mouros e Palácio da Pena), todos de longe com mais entradas que o Convento de Cristo, não fazem parte das estatísticas do IGESPAR, por serem administrados por outra entidade. Donde resulta que, ao contrário do que por aí consta, o Convento de Cristo é apenas o 6º monumento mais visitado do país, se referirmos só os geridos pelo IGESPAR, e o 9º, se contarmos igualmente com os principais monumentos sintrenses. O que mesmo assim é muito bom, diga-se de passagem, tendo em conta designadamente as más condições de acolhimento dos visitantes. A começar por uma entrada pouco mais que caricata.
Atendo-se apenas ao Convento de Cristo, é verdade que tem registado um constante aumento anual de visitantes, mas isso não se deve, de modo algum, ao mérito da sua gestão. Resulta apenas e só de três factores exógenos: A - O aumento anual de turistas em todo o país, consequência nomeadamente da insegurança nos países muçulmanos, que provocam o desvio para Portugal de importantes contingentes de turistas, sobretudo europeus; B - A evolução natural do turismo nacional, a qual vem proporcionando o aumento generalizado de visitantes em qualquer monumento; C  - O contributo da Festa dos Tabuleiros, nos anos em que se realiza. A título ilustrativo, os três principais monumentos de Sintra (Palácio + Pena + Castelo), passaram em 10 anos (2005 - 2015) de 597.156 para 2.233.156 visitantes anuais. Muito acima, como se vê, do modesto Convento de Cristo.
Estes são os facto explicativos, naturalmente abertos ao contraditório, caso haja quem tenha unhas para tocar semelhante guitarra. O resto são balelas para ganhar a vida, tentar ornamentar curriculos e melhorar carreiras. É humano. Mas não é sério. 

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