domingo, 30 de outubro de 2016

A prova oficial da evidente decadência de Tomar



                                                                           ELEITORES  INSCRITOS
     CONCELHOS
     2005
   2015
DIFERENÇA 2005/2015
   2016
DIFERENÇA 2015/2016
ABRANTES
37.546
34.185
      -  3.361
34.063
      - 122
ENTRONCAMENTO
15.772
17.253
      +   1.481
  17.267
         + 14
OURÉM
37.990
42.892
      + 4.902
 42.863
         - 29
TOMAR
38.524
36.327
      -   2.197
36.266
         -  61
 T. NOVAS
31.601
32.036
      +    435
 31.959
         -  77
 ALCOBAÇA  
47.175
49.141
      +  1.966
 49.153
         +  12
 C. da RAINHA    
38.859
45.633
     +   6.774
 45.671
         +  41
 F. da FOZ
50.046
58.039
     +   1.993
57.858
         +  15
 BARQUINHA 
  6.533
  6.367
     -       166
   6.321
         -  46
 CONSTÂNCIA
  3.391
  3.422
     +        31
   3.428
         +  06
 F. do ZÊZERE
  8.118
  7.572
      -     546
   7.575
         +  03
  GAVIÃO
  4.409
  3.615
     -      794
  3.610
          - 05
  MAÇÃO
  7.946
  6.579
     -    1.367
  6.540
          - 39
  PONTE SOR
15.387
14.709
     -      678
14.670
          - 39
  SARDOAL
  3.732
  3.413
     -      319
  3.393
          - 20


                             Fonte: MAI – Resultados eleitorais. Tabela elaborada por N. Araújo e Silva

O quadro supra, elaborado a partir dos elementos oficiais do MAI, que podem ser consultados na Net, em Resultados eleitorais, indica o total de eleitores inscritos em cada concelho, no ano indicado. É portanto factual e indiscutível. A primeira coluna da esquerda indica o concelho. A segunda coluna mostra o total de eleitores inscritos nesse concelho em 2005, A terceira coluna mostra o total de eleitores inscritos em 2015. A quarta coluna permite ver a diferença para mais (+) ou para menos (-) nessa década 2005 - 2015. A quinta coluna mostra o total de eleitores inscritos em 2016. Finalmente, a sexta coluna indica a diferença para mais(+) ou para menos (-) entre 2015 e 2016.
Os concelhos foram escolhidos de acordo com os seguintes critérios: A - Três concelhos médios da faixa costeira, cuja sede não seja capital de distrito, não tenha hospital moderno de 1ª linha, nem Instituto politécnico independente; B - Tomar e quatro concelhos limítrofes de dimensão comparável;
C - Três concelhos pequenos, limítrofes de Abrantes e de Tomar; D - Quatro concelhos limítrofes de Abrantes.
Numa leitura atenta do quadro, a primeira evidência que aparece é a confirmação de que há no país dois grandes grupos de concelhos. Os da faixa costeira, que vão crescendo economicamente e em população, e os do interior, em constante decadência, salvo raras excepções. Na verdade, entre 2005 e 2015, Alcobaça e Figueira da Foz aumentaram o total de eleitores inscritos em quase dois milhares, enquanto Caldas da Rainha, na órbita de Lisboa, chegou quase aos sete milhares de novos eleitores.
Nessa mesma década, mas já no interior do país e na Região do Médio Tejo, Ourém averbou mais quase cinco mil novos inscritos, o Entroncamento mais quase mil e quinhentos, ficando-se Torres Novas pelos 435 novos eleitores. Inversamente, Abrantes perdeu 3.361 e Tomar 2.197 eleitores inscritos. Porquê? Quais as causas da decadência populacional de Abrantes e de Tomar, numa região e numa época  em que a população dos concelhos vizinhos cresceu? Detalhando um pouco mais, nessa mesma década registou-se uma diferença absoluta (aumento em Ourém + redução em Tomar) de 7099 eleitores inscritos, que transformaram Ourém no concelho mais importante do norte do distrito, lugar antes sempre ocupado por Tomar. Quais as causas desse fosso enorme e relativamente repentino? 
Na mesma região e na mesma década, três concelhos vizinhos de Tomar e de Abrantes, mas mais pequenos, conheceram situações diferentes. Diminuíram os eleitores inscritos na Barquinha e em Ferreira do Zêzere, mas aumentaram ligeiramente em Constância.
No último grupo, o dos concelhos limítrofes de Abrantes e portanto mais interiores, o panorama é desolador. Houve acentuada redução de eleitores inscritos em todos eles.
Indo agora à última coluna da direita, a da diferença 2015/2016, registo para a continuação da queda dos inscritos, com Abrantes a perder 122, Torres Novas 77, Tomar 61 e Ourém 29, enquanto o Entroncamento acrescenta 14. Mais abaixo na tabela, Alcobaça, Caldas e Figueira da Foz continuaram a crescer.
Nos concelhos vizinhos de Abrantes e de Tomar, a evolução foi diversa. Barquinha perdeu 46 inscritos, Constância ganhou 6 e Ferreira do Zêzere 2. Já os vizinhos de Abrantes registaram todos uma quebra do número de eleitores inscritos.
Em função destes dados oficiais, julgo ser legítimo dizer que existem no país três grandes faixas, no sentido norte/sul. A faixa costeira, cuja população continua a crescer. Uma faixa intermédia em que há concelhos que crescem, como Ourém, Torres Novas e Entroncamento, enquanto outros definham acentuadamente, como Abrantes ou Tomar. Enfim, uma terceira faixa, a mais interior, na qual o despovoamento é cada vez mais evidente.
Quer isto dizer que, na faixa intermédia onde se situa Tomar, salvo melhor opinião, tudo parece depender da melhor ou pior gestão autárquica, conforme demonstra particularmente o caso de Ourém. De concelho mais pobre e atrasado no distrito de Santarém até aos anos 60 do século passado, conseguiu, graças nomeadamente aos emigrantes regressados e a uma gestão autárquica adequada, transformar-se no mais importante tanto em população como na área económica.
Porque tem Fátima!, dirão as luminárias do costume. Pois tem, respondo eu. Mas não tem grande hospital, não tem regimento de infantaria, não tem Instituto Politécnico, não tem Festa dos Tabuleiros, nem tem Convento de Cristo que, mesmo mal gerido, consegue atrair mais de 250 mil visitantes anualmente. Parece contudo ter autarcas que conseguem resultados positivos. Em Tomar, infelizmente...


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