quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Drama e fuga

É dos livros. A História nunca se repete. Quando na aparência isso acontece, se da primeira vez foi uma comédia, na segunda é um drama. Estamos exactamente perante esse caso. Em Janeiro, o vereador Serrano entregou os pelouros, o que levou a presidente a retirar-lhe a vice-presidência. Nem um nem outro julgaram então útil informar os cidadãos que os elegeram. Curiosa noção de democracia e do direito à informação da parte de ambos...
Constatou-se mais tarde, dissipado o deliberado nevoeiro informativo, que afinal tudo não passara de mais uma daquelas comédias políticas em que esta bela terra é pródiga. A  liderança efectiva da geringonça local passou de facto para o vereador da CDU, Hugo Cristóvão assumiu a vice-presidência, Serrano recuperou alguns pelouros, com o respectivo vencimento, continuou calado e a vida prosseguiu. Tudo no segredo dos gabinetes, como é costume nesta formosa cidade.
Oito meses volvidos, a roda da história voltou a acelerar bruscamente. Desta vez Serrano, se calhar instruído pelo falhanço da comédia de Janeiro, resolveu ser dramático. Enviou à reduzida e parcialmente entorpecida informação local um texto extremamente claro e agreste. Nele acusa explicitamente a presidente de não ter competência para exercer o cargo que ocupa e de sistematicamente pôr em causa decisões dele, vereador que ora a acusa. Contextualmente deixa subentender que a reiterada anulação das suas decisões resulta do facto de ela própria ser dominada politicamente por outrem: o companheiro, o vereador CDU, ou por ambos.
Face a tudo isto, os cidadãos que pagam impostos, designadamente para beneficiarem do direito à informação, que é fundamental em democracia plena, ficaram na expectativa de uma explicação-resposta-defesa da senhora presidente. Pois nada! Duas linhas num texto rapsódico deram a saber aos leitores mais atentos e só a eles que, poucas horas após a renúncia de Serrano, a presidente deu corda aos sapatos. Fugiu. Nada disse aos seus conterrâneos. Não julgou necessário. Ou não sabe como defender-se, face às graves queixas do seu vereador e ex-número 2 na lista?
Oficialmente foi de férias. Ignora-se por quanto tempo. E nem sequer se sabe preto no branco quem ficou encarregado de ir despachando os assuntos correntes enquanto a senhora veranear. Prenúncio de longas férias, eventualmente até às próximas autárquicas? Uma repetição do acontecido com Corvêlo de Sousa? Nesta terra que adoro já vi tanta coisa, que já pouco ou nada me surpreende.
Dito isto, pergunto: Quem está oficialmente mandatado para despachar os assuntos correntes, durante a indisponibilidade da senhora presidente? O Cristóvão? O Bruno? Ambos? Nem um nem outro?  Um terceiro? Ninguém? Quando é que a gerência PS tenciona finalmente informar cabalmente os tomarenses sobre aquilo que se passa no seu seio? Falta a coragem? O modus faciendi? A capacidade redactorial? Um pouco disso tudo?
Tudo isto me leva a pensar, caros leitores, que no fim de contas estamos perante mais uma tragicomédia nabantina. Só falta agora o Carlos Carvalheiro, generoso génio teatral local, resolver levá-la à cena. Que tal em 12/12, às 15H15, com lanche ajantarado a 23,23€, no salão nobre dos Paços do Concelho ?!?!
Com Joana Jacob como Anabela, Jorge Neves como Serrano, Lourenço dos Santos como Bruno, Hugo Cristóvão e Luis Ferreita como eles próprios Texto de Mário Cobra, encenação de Carlos Carvalheiro, narração de Virgílio Saraiva. Seria sucesso garantido. Mesmo sem subsídio camarário ou outro... Como é habitual no Fatias..

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