domingo, 21 de agosto de 2016

Um armazém-asilo de funcionários

São dados oficiais:O município de Leiria emprega 634 funcionários para servir 113.181 eleitores;  o de Ourém emprega 389 funcionários para servir 42.892 eleitores; o de Tomar acumula 521 funcionários para um eleitorado de apenas 36.327 eleitores.
O que representa um funcionário para cada 1785 eleitores em Leiria, um para cada 1102 eleitores em Ourém e um para cada 698 eleitores em Tomar. Não espanta por isso que a câmara tomarense tenha cada vez mais dificuldades para honrar os seus compromissos. O essencial dos seus recursos, cada vez mais reduzidos, serve antes de mais para pagar aos seus funcionários. Excedentários sem sombra de dúvida, pois enquanto em Leiria as coisas funcionam a contento e em Ourém funcionam mais ou menos, aqui em Tomar é aquilo que se sabe. Temos por conseguinte excesso de funcionários que na prática nada fazem, porque integrados em sectores que pouco ou nada têm para lhes dar a fazer. Como por exemplo o do urbanismo e gestão do território. E simultaneamente falta de funcionários em sectores nitidamente carecidos, como por exemplo na limpeza ou nos parques e jardins.
Diriam os senhores autarcas que nos calharam na rifa, se quisessem ter a delicadeza de se explicar, que não são responsáveis por tal situação, porque na verdade a herdaram. Concordo, mas só em parte. Porque também é verdade que há três anos instalados nas cadeiras do poder, não consta que tenham mexido uma palha sequer para alterar tal estado de coisas. Que de resto procuram manter, com o fito de evitar perder os votos dos ditos funcionários, indispensáveis para ganhar eleições. Temos assim uma câmara conservadora e imobilista, um verdadeiro armazém-asilo de funcionários, que apenas procuram manter as actuais benesses. Estão-se por conseguinte nas tintas para a população em geral, que deviam servir. E até para os próprios eleitos em funções, que de resto também são sobretudo funcionários, com tudo o que isso implica em termos de mentalidade.
Simples consequência do que antecede, indicam os últimos números oficiais disponíveis, consultados na base de dados PORDATA, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que entre 1975 e 2015, ou seja nos últimos 40 anos, Leiria cresceu de 55 mil para 113 mil eleitores, Ourém progrediu de 25 mil para 42 mil, enquanto Tomar conseguiu passar apenas e só de 31 mil para 36 mil eleitores. Tinha mais de metade de Leiria, tem agora quase quatro vezes menos. Tinha mais eleitores que Ourém, está agora a ficar negativamente distanciada. Apesar de Ourém não ter hospital capaz, nem divisão da PSP, nem quartel militar, nem politécnico...
E a sangria nabantina continua, de forma cada vez mais acentuada. Porque ninguém minimamente inteligente gosta, julgo eu, de ser refém de múmias incapazes, ou de viver numa cidade sem investimento privado criador de emprego e por isso cada vez mais entorpecida. Logo, só quem de todo não encontra maneira de dar corda aos sapatos é que vai ficando.

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