segunda-feira, 4 de abril de 2016

Os sanitários da Cerrada dos Cães

Até 1960 era um terreno com algumas oliveiras, ali à entrada do castelo. Em tempos fora o vedado dos cães de guarda da Ordem de Cristo, daí lhe vindo o topónimo de Cerrada dos Cães. Em 1960, por ocasião das comemorações do 5º centenário da morte do Infante D. Henrique, a Junta Autónoma de Estradas mandou ali fazer um parque de estacionamento, dotado de instalações sanitárias. Sentinas públicas, como então se dizia:


Instaladas com entrada pela ilharga inferior do parque, mal sinalizadas e sem a adequada manutenção, as ditas instalações sanitárias nunca cumpriram cabalmente a sua missão. 
Meio século mais tarde veio o Império paivino e as suas obras mal enjorcadas, algumas nitidamente projectadas em cima do joelho. A velha Cerrada dos Cães foi rebaptizada à pressa. Passou a ser o Terreiro Gualdim Pais. As velhas pinheiras foram-se e os velhos sanitários foram encerrados.
Com dinheiros europeus e entre várias outras asneiras, construiu-se uma cafetaria e novas instalações sanitárias. Mas o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Apesar de modernos, os ditos sanitários são pouco funcionais. Não dispõem de acesso para deficientes, o que os torna mesmo ilegais, porque não conformes com a legislação europeia. E foram os europeus que os pagaram na sua quase totalidade:


Agravando a situação, o concessionário da cafetaria procura logicamente maximizar os seus lucros. É humano. Para isso mantém fechada a porta que é simultaneamente acesso exterior e saída de socorro. Os visitantes necessitando aliviar-se são assim forçados a entrar na cafetaria. Cuja porta mais à direita está igualmente encerrada:


Maneira ardilosa de obrigar quem chega a atravessar o estabelecimento.
Chegados ao cimo das escadas de acesso aos sanitários, que são no subsolo, os turistas lêem este letreiro, que não deixa dúvidas:



Trata-se sem qualquer dúvida de um aviso ilegal, uma vez que os sanitários são públicos e não para uso exclusivo da cafetaria. No que me toca, entrei, saudei, desci, urinei e lavei as mãos:


Depois subi e pedi um descafeinado e um bolo. Paguei 2 euros e 70. Ainda estive para perguntar onde era a auto-estrada; mas depois lembrei-me que especuladores há em toda a parte e não só nas áreas de serviço das vias rápidas.
Coitados dos turistas. Pobre terra que tem gente assim.

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