terça-feira, 5 de abril de 2016

Complicar o que é simples

Sabe-se que o estilo manuelino é afinal um gótico muito mais complicado. Por isso representa tão bem os recônditos da alma portuguesa. E tomarense, pois então, que o expoente máximo da dita arte é a janela monumental lá de cima do convento.
Nestas condições, não espanta que, perante qualquer problema, os portugueses tenham tendência para complicar, em vez de simplificar. O exemplo mais recente é o restauro da fachada norte do Convento de Cristo. Não custava nada picar, voltar a rebocar e pintar tudo de branco. Como sempre esteve e estava. Mas era demasiado simples.
Vai daí, avançou a ideia de pintar de outra cor a parede situada abaixo da sanca. Para adequar aos embasamentos em calcário aparelhado no sector barroco, à esquerda do portal filipino, disseram eles. O pior foi o resto. Com as ilhargas do referido portal já pintadas a branco, continuam os ensaios de cor:


Supõe-se que em busca do tom consensual, Que evidentemente nunca existirá. Assim para um leigo como eu, não podendo ficar tudo como estava, por que é preciso ir mudando qualquer coisinha para que tudo possa continuar na mesma, o melhor será deixar em tosco todo o sector ainda não pintado à esquerda do Portal filipino. Como está agora. Mas é bem capaz de ser demasiado simples:


O restante, que até é de outra época, ficará melhor em branco, como estava. Julgo eu. Mas é decerto igualmente demasiado simples. Almas torturadas, é o que é... Resta aguardar pelas cenas dos próximos capítulos. Com os tomarenses em geral tão calados como os barbos do Nabão. O costume. Não se cresce nem se vive impunemente em Tomar. Tem custos. E que custos!

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