domingo, 14 de fevereiro de 2016

Um barco à deriva e uma proposta para ornamentar

Se dúvidas houvesse sobre o facto da governança municipal não passar afinal de um barco à deriva em mar agitado, os factos aí estão para o confirmar. Numa semana, a imprensa local e nacional publicou anúncios da câmara sobre a revisão de planos de pormenor. Concretamente o do Mercado/Flecheiro e o do Núcleo Histórico. No caso daquele, trata-se de tentar resolver, legalizando-o, o escandaloso caso do novo Lar da Misericórdia, pronto há mais de dois anos mas ainda encerrado. Quanto ao outro, nada transpirou mas será decerto, como já vem sendo hábito, para endireitar mais uma ou outra aselhice anterior. E não tarda vamos ter mais planos de pormenor, como o da zona do Pingo doce, por exemplo. Para ir entretendo o pessoal, no quadro da política do faz de conta.
Tudo isto acontece numa altura em que a simpática presidente insiste na afirmação de que estão a trabalhar, mas cá fora ninguém vislumbra em quê. Sucede até que a revisão do PDM, iniciada já ninguém sabe bem quando, nunca mais é dada por concluída. Porquê? Porque o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita? Se é o caso, tenham então a decência e a coragem de o dizer...
Neste ambiente de viagem sem rumo definido, de barco à deriva, os laranjas locais resolveram avançar agora com uma proposta para ornamentar. Assim, sem ponderarem devidamente a coisa. Pretendem uma paragem na zona do Mercado Municipal para os autocarros de turismo largarem e tomarem passageiros-turistas.
É uma estranha proposta, sem cabimento, digo eu, porque: 1 - Não me consta que o Mercado Municipal de Tomar tenha algum interesse especial para o turismo organizado, o único que chega de autocarro. É um mercado como o de Torres Novas, do Entroncamento, de Ourém e tantos outros...onde não me consta que haja locais de paragem para autocarros de turismo; 2 - Um autocarro de turismo não é a mesma coisa que um autocarro da carreira, que toma 2 ou 3 passageiros aqui e larga 1 ou 2 acolá.  O autocarro de turismo regra geral transporta 45/55 turistas, que embarcam e desembarcam em bloco em cada paragem, o que implica inevitavelmente uma imobilização entre 15 e 30 minutos. Digam-me por favor onde é que, na zona do mercado e às sextas-feiras, um autocarro parado durante mais de um quarto de hora não causa transtorno ao trânsito normal? 3 - Admitindo que algum guia ou motorista de turismo caísse na patetice de largar clientes para irem fazer compras ao mercado municipal, quanto tempo teriam de esperar depois pelos inevitáveis retardatários, estacionados naquela confusão das sextas-feiras?
Não, senhores autarcas laranjas. Assim não vão lá. Se presentemente os profissionais de turismo nem sabem bem como fazer quando vêm a Tomar, julgam que alguma vez vão levar  os clientes a visitar um mercado que não é especialmente apelativo para turistas? Ficam-se pelo Convento e já não é mau de todo, dadas as bem conhecidas limitações nabantinas. O resto são sonhos de quem nunca trabalhou em turismo nem viajou em circuitos turísticos. Especialistas de ideias gerais...

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