Repovoamento urbano e limpeza de terrenos
AVENIDA DO CANAVIAL ?
Leu-se um dia destes, ainda no hemisfério sul, que para resolver a crise na Avenida Nuno Álvares, a principal entrada na cidade, onde há cada vez mais alojamentos e estabelecimentos devolutos, basta instalar duas ou três empresas-âncora. Daquelas que atraem muita clientela só com a própria marca.
Quem assim opinou foi o presidente Cristóvão, que certamente estará convencido daquilo que disse. Não o desmentirei pelo simples prazer da contradição, até porque há naquilo que disse uma parte de verdade: as empresas mais conhecidas atraem sempre uma uma vasta clientela, assim contribuindo para a recuperação comercial e o repovoamento de ruas e bairros afectados pela crise, neste caso pelo acampamento calé que entretanto foi desmantelado. Donde a designação de empresas-âncora.
No caso da Avenida Nuno Álvares, são porém evidentes dois obstáculos que tornam muito difícil a ansiada recuperação. Por um lado, uma infeliz requalificação fez de uma larga avenida um simples arruamento urbano, para instalar duas ciclovias, numa terra onde são bem poucos os ciclistas, assim impossibilitando o estacionamento "em espinha", numa zona afastada do centro e sem parques de estacionamento próximos. Há aquele ao lado da estação de caminho de ferro, é certo, mas já não chega para as encomendas.
Por outro lado, que empresa de prestígio aceitará vir instalar-se numa via urbana com um canavial e fartura de vegetação espontânea? (ver imagem) Dirão os defensores do "rumo certo" que a Câmara não tem nada a ver com o assunto, porque é um terreno privado. Estão equivocados, como é costume. O terreno é realmente privado, mas a autarquia tem tudo a ver com a insólita situação, uma vez que passam uma parte do ano a avisar os agricultores e proprietários rurais que têm de limpar ou mandar limpar os seus terrenos, para reduzir o risco de incêndio, mas entretanto nada fazem em relação a um pequeno bosque com canavial na principal entrada da cidade.
A eventual desculpa de que nunca se deram conta será descabida, porquanto a altura das canas mostra que a situação existe há anos, sem que alguma vez os eleitos se tenham incomodado com o risco de incêndio, ou com a proliferação de ratos, cobras e outra bicharada. Façam o favor de continuar a comentar que "lá está o gajo na má-língua do costume", mas acabem com o escândalo, porra! Se o dono do terreno não faz nem manda fazer, avancem vocês e obriguem-no depois a pagar pelos meios legais ao vosso dispor. Foi também para isso que vos elegeram, e não só para as festarolas e obras de duvidosa utilidade para a comunidade em geral.